A decisão do governo federal de zerar as alíquotas de importação para alguns alimentos, incluindo carne, café, milho, açúcar e azeite foi criticada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles.
Segundo ele, a medida, que pretende conter a alta no preço dos alimentos, terá reflexo em várias cadeias produtivas e “pode quebrar o setor agropecuário nacional”, motor da economia, responsável por sucessivos superávits da balança comercial.
Para Meirelles, o governo “perdeu a mão” da política monetária. “A inflação está em alta, os juros estão exorbitantes, a taxa de câmbio trará aumento do custo de produção. Não existe estoque regulador, não existe armazenamento, a infraestrutura é incapaz de atender a produtividade nacional, trazendo custos adicionais ao produtor rural e, consequentemente, ao valor final para o consumidor”, enumera.
Segundo o presidente da Faesp, ao invés de o governo trabalhar para que o setor produtivo tenha competitividade, toma uma atitude que pode enfraquecer o campo. “A ação é ineficaz e certamente irá quebrar o produtor nacional. Nos primeiros meses do ano, o que estamos vendo é uma série de ações que penalizam aquele que trabalha para garantir o alimento de milhões de brasileiros e mais de um bilhão em todo o mundo”, frisou Meirelles.
Mais cedo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que a decisão de zerar a alíquota de importação de alguns produtos não deve prejudicar produtores locais.
“Nós estamos num momento onde você reduzir o imposto de importação ajuda a reduzir o preço. Nós não vamos, não está substituindo, você está complementando”, afirmou. Alckmin citou produtos que o Brasil depende de importação, como óleo de palma e azeite. Segundo ele, a produção nacional dos dois produtos é muito pequena.
Já Meirelles, da Faesp, ressaltou que o governo precisa de uma política de longo prazo para o setor agropecuário, com recursos para crédito agrícola, seguro rural e fomento à produção. Ele lembrou que há um ano vem reiterando a necessidade de medidas como as Contas agrícolas americanas, programa de médio e longo prazos, votado pelo Congresso dos Estados Unidos, com recursos e programas de apoio à produção.