As causas para o rompimento da barragem do Nasa Park, localizado entre Campo Grande e Jaraguari, ainda serão apuradas, mas, para quem já viveu no local, os problemas na estrutura da represa são antigos e anunciavam a tragédia que ocorreu na manhã desta terça-feira (20), há cerca de 10 anos.
O depoimento é do empresário Noli Mário Rubin Alessio.
Em 2004, ele começou a construir sua casa no loteamento de luxo. As obras terminaram no ano seguinte e logo os moradores começaram a aproveitar o lago formado pela barragem. “Conforme passamos a usar o lago percebemos que havia problemas estruturais na barragem, que ela não havia sido construída com controle tecnológico”.
Segundo Noli, em visitas a estrutura ele logo percebeu que um tubo criado como válvula da água e passava por baixo da represa, estava com infiltração e por isso, a água passava pela lona e pela terra.
Para tentar resolver a situação, os moradores se uniram e notificaram os proprietários do loteamento; foram três tentativas e até uma sugestão de que a represa fosse refeita, dessa vez, maior e da forma adequada, mas nada resolveu. De acordo com Noli, uma manutenção chegou a ser feita, mas não resolveu o problema.
Noli vendeu a casa há dois anos, mas ainda guarda as notificações que enviou aos proprietários do Nasa Park. Para ele, foi a infiltração relatada há quase 10 anos que causou o incidente, já que pelas imagens, conseguiu perceber que o ponto de rompimento foi exatamente no local em que o tubo era instalado.
A reportagem entrou em contato com o proprietário do Nasa Park sobre a denúncia do morador e aguarda retorno.
Mais cedo, logo que o incidente aconteceu, a reportagem conseguiu contato com ele para falar sobre o rompimento de hoje, que informou que o engenheiro da obra foi avisado e que aguardava informações concretas sobre o rompimento.
Sem vistoria
O certificado de vistoria do loteamento, dado pelo Corpo de Bombeiros, está irregular. Por isso, uma equipe deve ir até o Nasa Park para verificar quais os requisitos estão fora da norma e assim, realizar a notificação, ou mesmo multa, aos proprietários.
A reportagem procurou novamente o responsável pelo Nasa Park para questionar a informação dada pelos bombeiros e foi informada que, até o momento, não houve notificação por parte da corporação.
Destruição
Pelo menos três casas próximas ao Nasa Park e um veículo, foram atingidas pela água. Muitos moradores perderam tudo que tinham, mas conseguiram escapar a tempo. O Corpo de Bombeiros segue na região em buscas de possíveis vítimas. Não há informações sobre feridos ou desaparecidos.
Já na BR-163 a água causou danos no asfalto e por isso, a rodovia ficou interditada para limpeza e manutenção na manhã de terça-feira.
Depois de algumas horas, a CCR MSVia liberou a pista parcialmente, em operação “pare e siga” na altura do km 500: uma das faixas de tráfego deve ficar interditada por, pelo menos, 24 horas, enquanto o tráfego flui pela outra faixa, de forma alternada, nos sentidos Norte e Sul.
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