Imagens gravadas por indígenas da região de Antônio João, a 318 quilômetros de Campo Grande, mostram o desespero quando Neri Guarani Kaiowá, de 18 anos, foi morto com um tiro na cabeça, na manhã desta quarta-feira (18).
O conflito que acabou na morte de Neri ocorreu durante cumprimento de reintegração de posse por ordem do TRF (Tribunal Regional Federal), segundo informações obtidas pelo Midiamax. Nas imagens é possível ouvir gritos. “Vocês matam uma pessoa”, dizia uma moradora da aldeia da comunidade Nhanderu Marangatu. Uma testemunha contou ao Midiamax que Neri estava sentado quando foi atingido por um tiro na cabeça.
Ela ainda falou que os indígenas estavam desarmados quando um grupo de policiais chegou em um caminhão. Ela relatou que primeiro foram disparados tiros de borracha e depois o tiro letal que acertou Neri. O corpo do jovem foi levado para o IML (Instituto de Medicina Legal).
O conflito na área acontece desde o início do mês, quando indígenas teriam ateado fogo em uma ponte na região, deixando PMs ilhados.
Ponte destruída
Durante a ocupação da fazenda Barra Mansa, em Antônio João, a 318 quilômetros de Campo Grande, o comandante da Polícia Militar de Ponta Porã e mais três policiais ficaram ilhados depois de uma ponte ser incendiada na região, no último dia 12 de setembro. Equipes do Batalhão de Choque foram para a cidade ajudar no conflito.
Anteriormente, havia sido dito que os militares teriam sido feitos de reféns, mas a ponte incendiada é que teria deixado os policiais ilhados, assim como o dono da fazenda Barra Mansa. Durante o conflito, pelo menos um indígena acabou ferido a tiros de bala de borracha e foi encaminhado para o hospital da cidade.
O dono da fazenda, alvo da ocupação dos índios, registrou um boletim onde ele afirma que a sua propriedade estava sendo incendiada e que o incêndio seria criminoso provocado por alguns índios. O registro da ocorrência foi feito no dia 10 deste mês.