O corpo de Neri da Silva, indígena Guarani Kaiowá de 23 anos que foi morto pela Polícia Militar, em Antônio joão, chegou ao município para ser velado. A procissão começou na tarde desta sexta-feira (20), com dezenas de indígenas acompanhando o corpo em procissão.
Neri morreu durante o confronto que aconteceu na manhã desta quarta-feira (18). O conflito acontece na área que está em disputa entre produtores rurais e indígenas da comunidade Nhanderu Marangatu, que faz divisa com a Fazenda Barra, em Antônio João.
Confira o vídeo do momento em que o corpo chega é encaminhado para velório na aldeia:
Comboio acompanha o corpo
Após a morte, o corpo de Neri foi encaminhado para IML em Ponta Porã. Posteriormente, houve uma segunda perícia, desta vez em Dourados. Agora, corpo retorno a Antônio João para que Neri seja velado por seus parentes.
Os indígenas se dividiram em três grupos, com dezenas de pessoas em moto e carros. Um dos grupos esteve concentrado em frente ao ginásio de espertes, que fica próximo ao trevo de entrada da cidade.
Um segundo grupo esteve concentrado em trecho da rodovia MS-384, enquanto terceiro grupo esteve em um ponto da rodovia conhecido como Casa Branca. Veículos da PM e da Força Nacional também acompanham o caminho.
Entre as pessoas, estão amigos, familiares, conhecidos de Neri, bem como outras pessoas que se solidarizam e lutam pela causa indígena. “Estamos esperando para recepcionar o corpo do nosso guerreiro”, disse amigos de Neri.
Reuniões acontecem no fim de semana
Hoje, pela manhã, os indígenas da região fizeram reunião para alinhas demandas e reinvidicações que pretendem fazer após o ocorrido. Isso porque, neste sábado (21), haverá uma reunião interministerial na região, com representantes da força nacional e dos demais órgãos públicos competentes ao assunto.
Além disso, no domingo (22), a ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, está no município para ouvir a comunidade e indígena e procurar soluções para o problema.
Clima de tensão na região
Clima de tensão e movimentação policial marcam nova rotina em Antônio João, cidade a 281 quilômetros de Campo Grande, após o indígena Guarani Kaiowá Neri da Silva, de 22 anos, ser morto em confronto com a tropa de Choque da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), nesta quarta-feira (18).
Sete viaturas da Polícia Militar passaram pelo carro da reportagem do Midiamax, no momento em que a equipe estava na MS-384. A Polícia Militar montou um acampamento em frente a Fazenda Barra. Conforme indígenas, na região também há duas equipes da Força Nacional, escoltando funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Terra indígena homologada
A Fazenda Barra, de propriedade de Pio Queiroz da Silva e Roseli Maria Ruiz, está localizada em área homologada como terra indígena desde 2002. Roseli inclusive foi indicada como “especialista” para conciliação do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a Lei do Marco Temporal (Lei 14.701/2023).
A advogada Luana Ruiz, que possui cargo no alto escalão do Governo de Mato Grosso do Sul desde janeiro de 2023, é filha dos proprietários da fazenda. Ela defende os pais em ação judicial que tramita há um ano na 1ª Vara Federal de Ponta Porã, contra a Comunidade Indígena Guarani Kaiowá.
A Terra Indígena Ñande Ru Marangatu foi declarada para posse e usufruto exclusivo e permanente do povo Guarani Kaiowá, por meio da Portaria nº 1.456, de 30 de outubro de 2002, e homologada por meio de Decreto Presidencial de 28 de março de 2005. No entanto, a demarcação foi suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em setembro de 2023, Luana Ruiz entrou com ação na Justiça Federal alegando ameaças de invasão de indígenas e pedindo a manutenção da posse. Na época, o juiz federal Ricardo Duarte, não viu indícios suficientes que comprovassem a ameaça descrita pela advogada.
Dias depois, o mesmo juiz federal determinou à Polícia Federal que, se necessário, com auxílio material da Polícia Militar e da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, bem como da Força Nacional de Segurança, efetue o patrulhamento ostensivo nas dependências da propriedade rural da Fazenda Barra.
✅ Siga o Jornal Midiamax nas redes sociais
Você também pode acompanhar as últimas notícias e atualizações do Jornal Midiamax direto das redes sociais. Siga nossos perfis nas redes que você mais usa. 👇
É fácil! 😉 Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, O que você acha do WhatsApp?, Céu Azul e Tópicos.
💬 Fique atualizado com o melhor do jornalismo local e participe das nossas coberturas!