Advogados de sete dos 22 réus da terceira fase da Operação Tromper – que investiga esquema de corrupção em Sidrolândia – ainda não tiveram acesso ao conteúdo da delação premiada do ex-servidor do município, Tiago Basso da Silva. Há uma semana, a Justiça liberou acesso para as defesas que solicitaram.
Sem acesso ao conteúdo, advogados já se manifestam nos autos com pedido de dilação do prazo para defesa. “O acesso aos autos que homologou a referida colaboração é de suma importância para o exercício do contraditório e da ampla defesa da Imputada, tendo em vista que o Ministério Público descreve na denúncia supostos diálogos existentes entre ela e o colaborador”, declara o advogado João Paulo Calves, da empresária Jacqueline Mendonça Leiria.
Esse grupo de empresários e servidores é acusado de desviar recursos da Prefeitura de Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. Um deles é o vereador de Campo Grande (PSDB) Claudinho Serra, apontado como líder do suposto esquema de corrupção.
Além do parlamentar tucano, mais sete réus ficaram presos preventivamente por 23 dias em abril e ganharam liberdade mediante uso de tornozeleira eletrônica.
Réus da Operação Tromper autorizados a ter acesso à delação premiada
- Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho (Claudinho Serra)
- Ricardo José Rocamora Alves
- Thiago Rodrigues Alves
- Ana Cláudia Alves Flores
- Luiz Gustavo Justino Marcondes
- Cleiton Nonato Correia
- Yuri Morais Caetano
Ex-servidor preso na segunda fase da Tromper
Tiago Basso foi preso em 21 de julho de 2023, na segunda fase da operação Tromper, mas já havia sido alvo de busca e apreensão na primeira fase. Dias depois, ele foi exonerado do cargo pela prefeita Vanda Camilo (PP).
As investigações apontaram que Tiago supostamente recebia vantagens indevidas e repassava informações privilegiadas e sigilosas sobre os procedimentos licitatórios. Desta forma, proporcionava que empresas ganhassem as licitações.
Vanda Camilo implicada
A prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), está implicada no esquema de corrupção supostamente chefiado pelo genro, Claudinho Serra (PSDB), segundo delação na Operação Tromper. No entanto, a investigação da política depende do procurador-geral de Justiça Romão Avila Milhan Júnior, ou a quem ele designar.
Saiba mais: Citada em delação, prefeita de Sidrolândia só será investigada se chefe do MPMS deixar
Romão é o chefe máximo do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). A instauração de procedimento investigatório contra prefeito municipal é da competência do Procurador-Geral de Justiça. O PGJ também pode designar alguém para tal fim, por causa do foro privilegiado da sogra do vereador de Campo Grande, Claudinho Serra.
A prefeitura de Sidrolândia se tornou alvo do grupo que fraudava licitações e desviava verbas públicas, segundo as investigações dos promotores de justiça. Mas, agora, depende do chefe deles, a continuidade da apuração envolvendo Vanda.
Operação Tromper
Nas duas primeiras fases da Operação Tromper, os agentes investigaram corrupção na prefeitura de Sidrolândia, cidade distante 70 quilômetros de Campo Grande. Durante as investigações, foi descoberto, segundo o Gecoc, conluio entre empresas que participaram de licitações e firmaram contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, que somados chegam a valores milionários.
Ainda segundo as apurações, também foi investigada a existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e desvio de dinheiro público, bem como o pagamento de propina a agentes públicos, inclusive em troca do compartilhamento de informações privilegiadas da administração pública.