Gestos aparentemente inofensivos com as mãos levaram a consequências trágicas devido à associação com facções criminosas.
O delegado Nilson Farias, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, alerta que sinais como “tudo dois” e “tudo três” são utilizados por grupos como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) para identificar seus membros. Fazer esses gestos, mesmo sem intenção, pode colocar a vida de pessoas em risco.
“Eu acredito que o melhor diante de tal cenário é evitar ficar tirando fotos fazendo os símbolos”, orientou.
Veja o vídeo abaixo:
Casos recentes ilustram essa realidade. Em abril de 2022, Ellen Nascimento da Silva, de 21 anos, foi assassinada em Brasnorte após publicar um vídeo no TikTok em que fazia, sem intenção, um gesto associado a uma facção rival à de seus agressores. Ela foi sequestrada e encontrada morta com as mãos amarradas e marcas de tiros.
Outro caso ocorreu em setembro de 2024, quando as irmãs Rayane e Rithiely Alves foram torturadas e assassinadas em Porto Esperidião. Uma delas teria feito um gesto relacionado a uma facção rival em uma foto, o que motivou o crime.
O delegado Nilson Farias reforça que a população deve evitar gestos que possam ser interpretados como símbolos de facções criminosas, especialmente os que representam os números dois (“tudo dois”) e três (“tudo três”).
Esses sinais são frequentemente exibidos por membros de facções em fotos e vídeos, e sua reprodução pode ser interpretada como provocação ou afiliação, mesmo que não intencional.
Além disso, é importante destacar que exibir gestos associados a facções criminosas é proibido e pode ser considerado crime, conforme previsto em legislações estaduais e federais que combatem a apologia ao crime.
Esses gestos, embora pareçam inofensivos para muitos, carregam significados que representam poder e hierarquia entre os membros das facções. A conscientização e a precaução são fundamentais para evitar situações de risco.
Neste mês, em Jericoacoara, no Ceará, Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, foi assassinado quando passava as férias com o pai na vila turística. Segundo a polícia, os autores do crime olharam o celular da vítima e associou gestos que Henrique fez com as mãos em fotos a uma facção rival.