Nesta terça-feira (19), o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, o vereador Carlão (PSB), confirmou que o vereador Tiago Vargas (PSD) receberá advertência por descumprimento do regimento da Casa. O fato aconteceu durante sessão na última semana, quanto o parlamentar discutiu com representantes da Cultura.
Segundo Carlão, Vargas descumpriu o regimento. “Nesse caso cabe uma advertência. Ele vai receber a advertência por escrito e de forma verbal pela mesa diretora”, afirmou o presidente da Casa.
Caso repita uma ação assim no plenário, será enviado o caso ao Conselho de Ética. No entanto, o presidente ainda confirmou que o Conselho pode entrar com pedido de cassação do mandato de Vargas.
Antes da sessão ordinária, representantes da Cultura estiveram no gabinete de Carlão. Eles devem entrar com pedido para que a Câmara tome providências, por quebra de decoro. “Recebendo esse ofício, eu encaminho para o procurador da Câmara analisar e em seguida será levado para a comissão de ética da Câmara”, afirmou.
Boletim de ocorrência
A manifestação da classe artística de Campo Grande na última quinta-feira (14) na Câmara Municipal de Campo Grande acabou na delegacia. Artista procurou a polícia para denunciar o vereador Tiago Vargas (PSD) por difamação.
No registro, a vítima relata que foi até a Câmara onde protestava pacificamente. Ela estava com um cartaz que dizia ‘Tiago inelegível’ e o vereador passou a fazer provocações contra a artista.
Ele ainda teria feito gestos para ela, em referência a depilar as axilas. Isso, porque com os braços para cima segurando o cartaz, a vítima estaria com pelos aparentes.
O vereador chegou a compartilhar uma foto da vítima no Instagram. Depois disso, ela passou a receber várias ameaças e alega que não autorizou o uso da imagem.
Procurado pelo Midiamax, o vereador Tiago Vargas reafirmou o que disse no plenário. Sobre a artista, ele disse “Se ela quiser, vou mandar para ela um kit prestobarba”.
Ainda sobre a classe dos artistas, ele afirmou “Chega de mamar no dinheiro público. Vão trabalhar”. O parlamentar chamou os manifestantes de “pseudo artistas que são militantes esquerdistas”.
O vereador ainda comenta que o grupo quer milhões em recursos públicos, mas que deveria procurar um emprego.
Confira o áudio do vereador na íntegra:
Irmã nomeada na Cultura
A irmã do parlamentar ocupa cadeira na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Conforme apurado pelo Midiamaxa servidora comissionada tem cargo de assessora-executiva II, com admissão em 4 de março de 2021.
Em outubro, a remuneração da irmã de Tiago cm descontos e outros pagamentos foi de R$ 9.945,13. A remuneração oficial da servidora é de R$ 9 .567,09, ultrapassando os R$ 6 mil com os descontos.
Ao Midiamax, o vereador disse que a irmã tem mesmo um cargo na secretaria. “Faz muito tempo que ela está nomeada. Está trabalhando, Graças a Deus e vai continuar trabalhando em nome do Senhor Jesus Cristo, pois ela corre atrás do sustento dela. Fala para esses esquerdistas da Cultura que tem um monte de vaga na Funsat e na Funtrab”.
Mandou representantes procurarem emprego
Durante a sessão, o vereador Tiago Vargas se pronunciou e, com uma carteira de trabalho nas mãos, disse aos manifestantes que buscassem emprego na Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande).
Neste momento houve alteração e bate-boca. O presidente da Casa, vereador Carlão (PSB), pediu calma e a sessão continuou.
Então, o vereador Paulo Lands (Patriota) também defendeu a Prefeitura. Neste momento, Tiago Vargas teria novamente provocado os manifestantes, fazendo gestos e mandando beijos.
Houve confusão novamente e a sessão foi paralisada por 30 minutos.
Manifestação
A presidente do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro, Romilda Neto Pizani, presente no local, explicou que a manifestação busca maiores investimentos para o setor cultural, defasado há dois anos.
O grupo se concentrou na frente da Casa de Leis e entraram na sessão com cartazes.
“São dois anos de defasagem em relação aos editais. Foi nos apresentado uma proposta para 2024, a publicação de um edital de 4 milhões e esse valor não nos atende”, disse Pizani.
“Estamos vindo aqui na Câmara dos vereadores para pedir o apoio. Não dá para viver sem arte. É inadmissível que a prefeitura trate a cultura com tanto desrespeito”, finalizou a presidente.