Thácia Paula Ramos de Souza, de 39 anos, morreu após sofrer sucessivas pancadas no peito. O laudo médico indicou que a causa da morte foi um choque cardiogênico, provocado por uma esquimose miocárdica (lesão interna no músculo do coração) como consequência de um trauma torácico contuso.
Em palavras mais simples: ela morreu após levar socos violentos na região do tórax, segundo informou a mãe da vítima, Fátima Ramos. “Ela morreu de tanto receber murro no peito, pancadas dadas na caixa torácica com a mão fechada”, contou.
A mulher também revelou que o relacionamento da filha com Andreyko Vannutty de Assis Machado, de 43 anos, era marcado por violência constante e obsessão. Eles estavam juntos havia quatro anos e Fátima nunca aprovou o namoro.
“Eu não gostava dele, não aceitava esse relacionamento porque ele já tinha histórico de agressão em outros relacionamentos. Ele induziu a minha filha a mudar de Itajá (GO) para Cassilândia, onde ele morava, na calada da noite”, relatou.
Segundo a mãe, a violência era recorrente, mas Thácia não registrava boletins de ocorrência. “Ele sempre a espancou. Inclusive estive na casa deles por duas ou três vezes para buscar ela, que estava sendo espancada. Ela não registrava boletim. Eu não tinha como registrar, tinha que ser ela, mas ela não ia”.
A relação também era marcada por controle extremo. “Ele era obcecado por ela. Ligava por chamada de vídeo quando ela estava trabalhando, para controlar ela”, denunciou Fátima.
Thácia tinha um filho maior de idade, que não vivia mais com ela. “Ele saiu de casa por conta das agressões na mãe”, contou Fátima.
Fátima também comentou a dor pela perda da filha. “Tem hora que aquela tristeza é da alma, porque ele tirou um pedaço de mim. Tive três filhos, criei sozinha porque perdi meu marido. Criei eles sozinha e não foi fácil”.
A investigação
O corpo de Thácia foi encontrado no início da tarde do dia 14 de maio, boiando no rio Aporé, em Cassilândia, a 430 km de Campo Grande. Ela estava desaparecida desde o dia 11.
O principal suspeito é o próprio companheiro, Andreyko, que chegou a registrar o desaparecimento da mulher após afirmar que a havia deixado na entrada da cidade, após uma discussão por ciúmes no “Baile do Queijo e Vinho”.
Desde o início, a polícia encontrou contradições na versão dele. Um dos sapatos da vítima foi localizado às margens do rio, próximo a uma mancha de sangue.
O carro do suspeito foi apreendido e, segundo Fátima, o delegado responsável pelo caso revelou que havia muito sangue no banco e na porta do passageiro, além de vestígios de sangue na pia do banheiro da casa, o que indica uma possível tentativa de se limpar.
Imagens de videomonitoramento também mostraram Andreyko dirigindo em direção ao rio e retornando cerca de 11 minutos depois. A polícia considera o tempo muito curto para que houvesse uma nova discussão e o crime fosse cometido no local.
A suspeita é de que Thácia tenha sido morta ainda no caminho da festa para casa. “Acho que o acontecimento teria sido no trajeto da festa para casa. Acho que ela já estava morta e ele apenas usou o rio para jogar o corpo. Não dava para ele ter feito isso em 11 minutos”, opinou Fátima.
Segundo a polícia, Andreyko chegou a relatar em um depoimento informal que agrediu a companheira dentro do carro e que os dois teriam tido uma luta corporal às margens do rio, onde ela teria caído na água. Um brinco de Thácia, reconhecido pela família, foi encontrado pelos bombeiros na área.
Andreyko permanece preso temporariamente, conforme foi autorizado pela Justiça após pedido da Polícia Civil, com parecer favorável do Ministério Público. O caso segue sendo investigado como feminicídio. A Polícia Civil foi procurada a respeito do assunto, mas não comentou sobre as investigações.
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