Na contramão do cenário nacional, a capital de Mato Grosso – Cuiabá – apresenta taxas de homicídios por arma de fogo em queda nos últimos anos, enquanto os municípios do interior têm registrado números alarmantes, com uma taxa de homicídios duas vezes maior que a da capital.
De acordo com a terceira edição da análise “Violência Armada e Racismo”publicada recentemente pelo Instituto Sou da Paz, a taxa de homicídios no estado é o dobro da observada na capital, um fenômeno que reflete a crescente interiorização da violência em Mato Grosso.
Cuiabá tem vivenciado redução nas taxas de homicídios desde 2016. De acordo com o levantamento do Instituto, isso se deve, em parte, estabilização das disputas de território por traficantes de drogas.
No entanto, o interior de Mato Grosso segue em outra direção. Entre 2020 e 2022, as taxas de homicídios cresceram significativamente nas cidades menores, evidenciando o avanço do crime organizado e do tráfico de drogas para além da capital.
Interiorização da violência
O tráfico de drogas desempenha um papel central nessa dinâmica. Cuiabá, localizada em uma rota estratégica próxima à Bolívia, é um ponto crucial no transporte de drogas que abastecem o Sudeste, o Nordeste e o mercado internacional.
Nos últimos anos, com a estabilização dos conflitos em Cuiabá, facções criminosas expandiram suas atividades para o interior do estado, levando a disputas territoriais e ao aumento da violência.
Mudança no epicentro do crime
Entre 2014 e 2015, Cuiabá viveu o pico da violência armada, com taxas elevadas de homicídios impulsionadas pela disputa acirrada entre o PCC e o Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT).
Porém, com a consolidação de um equilíbrio de poder entre as facções e o reforço da segurança pública, a capital experimentou uma queda gradativa nesses números.
Por outro lado, o interior se tornou o novo palco do conflito. Regiões antes pouco afetadas pelo tráfico passaram a enfrentar a expansão das rotas do crime organizado, especialmente em áreas rurais e rodovias. Evidenciando uma expansão da violência armada do estado.