A China suspendeu temporariamente as importações de carne de frango do Brasil após a confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja no Rio Grande do Sul. A medida impactou o setor avícola, pois o país asiático é o principal destino da carne de frango brasileira. Goiás, quinto maior exportador da carne no país, reforça medidas para manter o status sanitário livre da doença.
Mesmo sem casos registrados, o Governo de Goiás, por meio da Agrodefesa, adotou medidas para garantir a sanidade e a segurança alimentar. Ações de vigilância ativa e monitoramento de aves silvestres e domésticas estão em desenvolvimento para evitar a entrada do vírus H5N1 e preservar a competitividade no mercado internacional.
Denise Toledo, gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, afirmou que, embora o fechamento do mercado chinês possa trazer impactos, o Brasil possui mais de 200 acordos comerciais com países que não seguem as mesmas restrições da China.
“O fechamento do mercado chinês para os produtos avícolas brasileiros certamente terá alguns efeitos no mercado. No entanto, o Brasil tem mais de 200 acordos firmados com vários países e esses acordos nem todos são tão restritivos como o da China. Então, na maioria das vezes, eles são mais flexíveis, permitindo a manutenção do comércio entre Estados que não apresentaram focos”, explicou.
O governo estadual prepara um novo decreto de emergência zoossanitária alinhado ao Ministério da Agricultura, prorrogando a emergência nacional por 180 dias, garantindo rapidez nas ações de controle, caso surjam registros da doença. A medida reforça o compromisso de Goiás em manter a produção avícola segura e competitiva, especialmente diante de um mercado global cada vez mais exigente em relação às práticas de biosseguridade e controle sanitário.
Segundo Toledo, Goiás tem mais de 80 mercados abertos e a China não é o principal destino da carne goiana. “A gente tem os Emirados Árabes e o Japão. Então, esses mercados ainda não restringiram por haver um foco localizado apenas no município Rio Grande do Sul”, disse.
A gerente ainda destacou a importância da conscientização dos produtores quanto às práticas de biosseguridade. O Estado realiza campanhas educativas voltadas para produtores rurais e médicos veterinários, com orientações sobre biosseguridade e práticas de contenção. Também são feitas fiscalizações rigorosas em estabelecimentos que comercializam aves vivas e reforço nas medidas de biosseguridade em granjas e outras unidades produtivas.
Denise destacou que a Agrodefesa realiza um trabalho contínuo para manter o Estado livre da doença. “E é a partir desse trabalho realizado de forma contínua que a gente conseguiu que em 2023, quando alguns focos aconteceram no Brasil, Goiás permanecesse livre da influência viária”, ressaltou. As ações de vigilância dividem-se em ativa, com busca por sinais clínicos e coleta de amostras, e passiva, com notificações de mortalidade feitas por técnicos e produtores.
Impactos econômicos em Goiás
A avicultura goiana é uma das maiores do Brasil, com polos em Itaberaí e Rio Verde, gerando mais de 240 mil empregos. A suspensão das exportações para a China pode pressionar preços internos, já que a produção destinada ao mercado externo precisará ser redirecionada ao mercado interno.
Segundo Toledo, as empresas goianas já buscam alternativas. “Esse produto que não vai ser exportado para a China por esses 60 dias, ele provavelmente será redirecionado para o mercado interno e para atender outros mercados, outros países que não fecharam as portas por entender que a restrição é apenas para o Estado ou para o município em que o foco está acontecendo”, explicou. A busca por novos mercados consumidores também se intensifica para mitigar possíveis perdas econômicas.
Orientação à população
A Agrodefesa alerta para os sintomas da gripe aviária nas aves, como tosse, espirros, muco nasal, lesões hemorrágicas, falta de coordenação e queda na produção de ovos. Suspeitas devem ser notificadas pelo sistema e-Sisbravet ou pelo telefone (62) 98164-1128.
Denise Toledo esclareceu que a transmissão para humanos é rara, ocorrendo apenas por contato direto e prolongado com aves infectadas, sem risco de contaminação pelo consumo de carne ou ovos. A orientação é que produtores e população permaneçam atentos, especialmente em áreas de migração de aves silvestres.