O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi o grande vencedor do primeiro turno da eleição municipal de São Paulo ao ser o principal fiador do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), ajudando a levá-lo para o embate contra Guilherme Boulos e a desbancar Pablo Marçal (PRTB), visto como um rival direto pela disputa da liderança da direita bolsonarista.
Embora negue pretensão, Tarcísio é lembrado como candidato nas eleições presidenciais de 2026 e a eleição municipal é termômetro de força do governador no seu quintal político.
Mesmo fora do segundo turno, a força de Marçal surpreendeu adversários do começo ao fim. Agora, adversários políticos de Marçal querem começar a tratá-lo como caso de polícia, e não de política, para que seja inviabilizado politicamente pela Justiça por, por exemplo, caso como da fake news do laudo.
A campanha de Nunes está animada com o segundo turno pois aposta na rejeição apontada pelas pesquisas ao candidato do Psol e também no voto do eleitor do Marçal – nas palavras de um integrante da campanha de Nunes:
“Voto do Marçal não tem dono e Nunes não precisa pedir apoio para Marçal. Eleitor do Marçal não vota no Boulos”, diz.
Sob o ponto de vista do PT, partido do presidente Lula, a eleição de 2024 é vista como um recado sobre a necessidade de se ampliar as alianças e fazer um movimento para o centro.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos) após a apuração em SP — Foto: Reprodução/TV Globo
Fator Marçal
O nome de Pablo Marçal surgiu como o de um candidato antissistema e disruptivo, o que lhe deu um resultado bastante expressivo, principalmente se considerarmos que ele não teve tempo de TV, máquina pública e nem apoio político de grandes caciques. É um personagem que vai ser muito observado daqui para frente, tanto pela direita como pela esquerda- principalmente ouvindo os anseios desse eleitor que deu 28% a ele.
Em seu cartão de visitas como candidato, Marçal proporcionou episódios nunca vistos nas eleições de São Paulo, como o da cadeirada sofrida por ele, dada por Datena (PSDB), e a agressão que seu assessor cometeu contra o marqueteiro de Ricardo Nunes em outro debate.
Além dos embates físicos, em sua última cartada, o candidato do PRTB publicou um laudo falso contra Guilherme Boulos (Psol), o que fez com que o STF entrasse de vez na disputa eleitoral, multando e suspendendo mais uma vez as contas das redes sociais do político.
Com essa guinada judicial, opositores devem tentar associar o nome de Marçal aos crimes pelos quais é investigado.
Filha de médico citado em laudo falso usado contra Boulos move ação contra Marçal e pede inelegibilidade do candidato
Bolsonaro derrotado
Ao longo da campanha, Bolsonaro (PL) titubeou ao entrar na defesa de Ricardo Nunes, o que fortaleceu ainda mais a presença de Tarcísio. Na reta final, o ex-presidente fez uma live em apoio a Nunes para não deixar a vitória toda no colo do governador.
O atual prefeito de SP, Ricardo Nunes (MDB), ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). — Foto: Divulgação/Alesp
O sentimento na campanha, no entanto, é que a vitória do primeiro turno é do Tarcísio. Tanto que durante pronunciamento de Nunes sobre o segundo turno, o nome do governador foi ovacionado pelos apoiadores.
Fonte: g1/ML