Uma sucuri, cobra símbolo do Pantanal, morreu carbonizada ao tentar fugir dos incêndios que assolam o bioma. A equipe de jornalismo da TV Morena fez o registro na região da Estrada Parque, próxima a Miranda (MS), no fim dessa quarta-feira (19).
Outras serpentes foram vistas esturricadas pelo caminho. No vídeo, é possível ver a sucuri e outras cobras menores carbonizadas. A gigante do Pantanal morreu enrolada, tentando fugir das chamas que já consumiram mais de 500 mil hectares do bioma.
Cobra morre carbonizada no Pantanal. — Foto: Itamar Silva/TV Morena
Especialistas explicam que as serpentes são uma das espécies da fauna pantaneira mais afetadas pelo fogo. O biólogo e representante da ONG SOS Pantanal Guilherme Figueirôa comenta que, pelo fato de rastejarem, as cobras são afetadas mais rapidamente pelas chamas.
As cobras morrem primeiro por questão da mobilidade. As serpentes têm uma mobilidade menor do que os mamíferos maiores, por exemplo. Quando as cobras percebem o fogo, as chamas já estão próximas. Já é tarde para que as serpentes iniciem a fuga, explica Figueirôa.
Cobra morreu carbonizada, no Pantanal. — Foto: Itamar Silva/TV Morena
O biólogo diz que as serpentes também recorrem a tocas de outros animais para se protegerem do fogo. Porém, a dificuldade de locomoção e a demora na percepção do fogo fazem com que estes tipos de animais morram com mais facilidade, segundo Figueirôa.
Algumas das cobras se enfiam em tocas no chão. Os bichos acham que estão protegidos, mas na hora do fogo acabam morrendo. O fogo mata os bichos, detalha.
Além das cobras, lagartos, jacarés e os anfíbios, como sapos, são os mais afetados pelos incêndios no Pantanal. A dificuldade de locomoção e a demora na percepção do fogo fazem com que estes tipos de animais morram com mais facilidade, segundo Figueirôa.
Jacaré carbonizado
Jacaré carbonizado, carcaças de animais expostas e o cinza toma conta da vegetação que já foi verde. Esse é o retrato da destruição com os incêndios no Pantanal. O bioma já registra o maior número de queimadas para um mês de junho desde o começo do monitoramento, em 1998.
Gustavo Figueirôa registrou de perto as cicatrizes que o fogo tem deixado na fauna e flora pantaneira. O jacaré não conseguiu fugir do fogo a tempo. O que restou foi a carcaça carbonizada do animal sobre a grama acinzentada.
No meio do caminho encontramos um jacaré que não conseguiu fugir a tempo, escreveu Gustavo em uma publicação.
Para chegar aos locais do incêndio, Gustavo teve a ajuda da Brigada Alto Pantanal, que é vinculada à ONG SOS Pantanal. Passei alguns dias acompanhando a Brigada Alto Pantanal, na região da Serra do Amolar. O cenário é bem crítico, está bem seco. Nos outros anos, esta época era para estar começando a seca, mas já está bem seco antes do esperado. O fogo se espalha com muita facilidade, compartilha o biólogo.
Fonte: g1MS/ML