Tenente Portela, suplente da senadora Tereza Cristina, é apontado como intermediário de atos antidemocráticos em um inquérito da Polícia Federal com cerca de 900 páginas que apura tentativas de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A investigação envolve militares e civis ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre eles Aparecido Andrade Portela, conhecido como Tenente Portela (PL), presidente estadual do PL em Mato Grosso do Sul e suplente da senadora Tereza Cristina (PP).
Tenente Portela e os diálogos interceptados
O inquérito aponta que Portela teria atuado como intermediário entre o governo Bolsonaro e financiadores de manifestações antidemocráticas em Mato Grosso do Sul.
Diálogos interceptados pela Polícia Federal mostram Portela em comunicação frequente com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, utilizando códigos para se referir a um possível golpe de Estado.
Em uma das conversas de dezembro de 2022, Portela mencionou a “realização de um churrasco”, expressão que, segundo os investigadores, seria uma alusão ao golpe. Cid respondeu afirmando: “Vai sim. Ponto de honra. Nada está acabado ainda da nossa parte”.
Tenente Portela, que tem uma longa relação de amizade com Bolsonaro desde os anos 1970, realizou diversas visitas ao Palácio do Alvorada no final de 2022. Registros apontam pelo menos 13 entradas em dezembro daquele ano, reforçando sua proximidade com o então presidente.
Após os atos de 8 de janeiro, Portela demonstrou preocupação com sua identificação como organizador. Em mensagens enviadas a Mauro Cid, ele relatou a pressão que sofria, afirmando que “minha vida está um inferno”.
A investigação destaca que Cid utilizou o aplicativo Signal para continuar as comunicações de maneira mais segura, evitando rastreamento.
Encaminhamento à PGR
O relatório da Polícia Federal foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), conforme determinação de Alexandre de Moraes.
Procurado pela imprensa, Portela afirmou desconhecer o conteúdo do inquérito e disse que vai se informar antes de emitir qualquer posicionamento.