Interdição da principal rodovia do estado provocou congestionamento quilométrico tanto no anel viário quanto na pista no sentido para Dourados
Integrantes do Movimento Popular de Luta (MPL) interditam desde o começo da manhã desta segunda-feira (23) a BR-163 na saída de Campo Grande para São Paulo, próximo da rotatória do anel viário da Capital. Durante a primeira hora, o bloqueio foi total. Depois da chegada de reforço policial, liberaram uma das pistas.
Cerca de uma hora depois do início do protesto, equipes da PRF e da PM reforçaram a segurança próximo ao local da interdição da BR-163
Por conta do bloqueio da principal e mais movimentada rodovia do Estado, milhares de caminhões e carros de passeio ficaram parados em um congestionamento que se estendeu por pelo menos dez quilômetros, travando inclusive o tráfego no anel viário de Campo Grande.
De acordo com as informações iniciais, os manifestantes estão acampados desde 2017 às margens do anel viário de Campo Grande, entre as saídas para Sidrolândia e São Paulo, e nesta segunda-feira decidiram fazer o protesto para chamar atenção das autoridades e para exigir a retomada da reforma agrária no Estado.
Várias viaturas da Polícia Rodoviária Federal acompanharam a mobilização desde o começo do protesto, mas não conseguiram evitar a interdição total da pista. Os manifestantes diziam que somente vão liberar o tráfego depois que seus representantes forem recebidos pelo comando do Incra e obtiverem um cronograma para que as famílias recebam terra.
Por volta das 8 horas, a PRF reforçou as equipes e recebeu apoio também da Polícia Militar. Pelo menos seis viaturas se posicionaram próximo ao bloqueio para evitar possível confronto entre usuários da rodovia e os manifestantes.
E após a chegada do reforço, os manifestantes começaram a liberar parcialmente o tráfego, em uma espécie de pare-siga.
Desde 2014 que nenhuma família é assentada em Mato Grosso do Sul e, de acordo com o Incra, pelo menos cinco mil estão na fila de espera por um lote de terra. Até hoje, 29.600 famílias foram assentadas.
Em julho, ao passar por Campo Grande, o Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, prometeu retomar os assentamentos para solucionar conflitos. Teixeira ressaltou que novos assentamentos devem ser feitos dentro da lei e de acordo com a constituição.
O Movimento Popular de Luta (MPL), que tem seis acampamentos no Estado, se caracteriza por ser um movimento paralelo ao MST, o mais tradicional e radical movimento em defesa da reforma agrária no País. Desde sua fundação, o MPL se expandiu em vários municípios e hoje se diz o maior movimento de massas do Mato Grosso do Sul.
Recentemente, uma vitória do movimento está para ser consolidada na cidade de Anaurilândia, que pode receber o primeiro assentamento oficializado pelo governo Lula e está organizado pela bandeira do MPL.
Bloqueio organizado pelo MPL na altura do quilômetro 465 da principal rodovia do Estado gerou congestionamento quilométrico – Naiara Camargo
FONTE: CORREIO DO ESTADO