O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que se derrotas do governo federal no Congresso não tivessem acontecido no ano passado, o país atingiria a meta do déficit zero primário em 2024. Segundo ele, no entanto, os reveses foram “compreensíveis”.
“Se tivéssemos aprovado 100% do que propusemos, teríamos déficit zero e sustentável. Teríamos a receita e despesa equilibrada”, afirmou durante evento da ABF (Associação Brasileira de Franchising) realizado nesta sexta-feira (30), em São Paulo.
Entre as derrotas sofridas pelo governo esteve a queda do veto presidencial à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, que deverá ter impacto de R$ 18 bilhões nas contas públicas neste ano. A Fazenda busca formas de compensar a perda de receita e aumentar a arrecadação em R$ 28 bilhões.
Haddad foi obrigado a empurrar a meta de déficit zero para 2025, mas segue adotando tom conciliário com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
“Fomos bem no Congresso. Mas não deu tudo. Ninguém consegue ganhar todas. Conseguimos aprovar medidas reparadoras, aprovamos o arcabouço fiscal… Melhor o Congresso dialogando com você do que não ter Congresso e você impor sua vontade”, completou para, em seguida, lamentar ter sido obrigado a diluir seus projetos que, de acordo com o ministro, poderiam ter sido todos aprovados em 2023.
“Eu entendo que, macroeconomicamente, seria melhor fazer todo o ajuste em um ano. Teria juro menor, dólar menor e, talvez, um crescimento projetado um pouco maior. Não deu.”
Prevendo um aumento na nota dada ao Brasil pelas agências de classificação de risco, que enxergariam melhorias da economia não percebidas no país (“aqui tem muita paixão”, reclamou), Haddad disse ser preciso dar “uma injeção de ânimo neste país” e mostrar aos “setores relutantes que há um caminho”.
“A gente está fazendo um bom trabalho e não está vendendo este bom trabalho. Às vezes, tem de melhorar a comunicação.”
Ele usou sua palestra diante de donos de franquias para mostrar um cenário de otimismo que, reclama, não aparece na imprensa. Afirmou que se no ano passado não tivesse sido obrigado a pagar precatórios e indenização a governadores e prefeitos (em decisões do Supremo Tribunal Federal), o déficit primário teria sido de 1,1% do PIB, e não de 2,12%.
“Aquele índice do desconforto, que é a soma da inflação e do desemprego, é a menor da história. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) veio 0,19% (e, agosto). Coloca 12 meses nisso…”, pediu.
O aumento da estimativa do IPCA deste ano foi chamado de “repiquezinho” pelo ministro da Fazenda. O boletim Focus passou a estimar a inflação deste ano de 4,20% para 4,22%. A centro da meta colocado pelo Banco Central é 3%.
“Inflação deu repiquezinho por causa do câmbio, por causa do Fed (banco central americano) e sempre tem alguma causa especulativa.”
*Informações da Folhapress
CORREIO DO ESTADO