Acusado de ser mandante da morte de Marcel Colombo, Jamilzinho volta ao Tribunal do Júri hoje, porém por videoconferência
Investigação sobre o mandante da morte de Marcel Hernandes Colombo, conhecido como “Playboy da Mansão”, assassinado em um bar na Avenida Fernando Correa da Costa, em outubro de 2018, começou a ser desvendada graças ao início da Operação Omertà, que levantou provas que ligavam Jamil Name Filho, o Jamilzinho, a execução.
De acordo com o processo de apuração do crime, no qual contém mais de 10 mil páginas que contam a investigação conduzida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), a primeira pista de que Jamilzinho estava envolvido no crime contra a vida de Marcel Colombo foi recolhida em depoimento do pai de Marcel, Joel Colombo, onde informou às autoridades que seu filho se envolveu em uma confusão com Jamilzinho, em uma boate de Campo Grande, dois anos antes do crime ser cometido.
Três meses depois, no dia 19 de janeiro de 2019, uma tia da vítima também prestou depoimento para a Polícia Civil, confirmando a versão de Joel Colombo sobre o desentendimento ocorrido na boate.
Porém, o tempo passou, e o mandante do crime ainda estava em aberto, apesar dos depoimentos que indicavam a participação de Jamilzinho.
O processo de investigação só foi para frente com a apreensão de um pendrive com provas de envolvimento do Jamil Name Filho no crime, durante a realização da Operação Omertà deflagrada em setembro de 2019, que apurava a criação de uma organização criminosa que agia a mando de Jamil Name e Jamilzinho.
A execução do Playboy da Mansão ocorreu quando a vítima e mais dois amigos estavam sentados à mesa do bar quando, por volta da meia-noite do dia 18 de outubro de 2018, um homem chegou ao local de moto, estacionou atrás do carro da vítima e, ainda usando capacete, se aproximou pelas costas e atirou.
A vítima morreu no local e um jovem de 18 anos foi atingido no joelho. De acordo com a investigação do caso, feita pelo MPMS, José Moreira Freires, Marcelo Rios e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis foram os intermediários do crime, sendo encarregados de levantar informações sobre a vítima, e o foragido Juanil Miranda teria sido o executor.
De acordo com os autos, o ex-guarda Rafael Antunes Vieira não teve participação no homicídio, mas teria sido responsável por ocultar a arma usada no crime.
2º JURI POPULAR
Um ano de dois meses após ser condenado a 23 anos e 6 meses de prisão por ter sido apontado como o mandante da execução, que matou por acidente o estudante de Direito Matheus Xavier, Jamil Name Filho voltará a ser julgado em júri popular hoje. O alvo, segundo a investigação, era o pai do rapaz, o ex-policial militar Paulo Xavier.
Para a realização deste julgamento, que acontecerá no Tribunal do Júri de Campo Grande, a partir das 8h, conforme informações do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS), foi requisitado um reforço do policiamento para a segurança interna e externa do local.
Quatro réus serão julgados por envolvimento na morte do Playboy da Mansão, sendo eles Jamil Name Filho, o ex- guarda metropolitano Marcelo Rios, ex-policial federal Everaldo Monteiro de Asis e o também ex-guarda metropolitano Rafael Antunes Vieira.
Além da execução de Marcel Colombo, o julgamento também tem como vítima Tiago do Nascimento Bento, que foi atingido por tiros de balas perdidas no local do crime.
Ao contrário do julgamento do século, onde Jamilzinho compareceu presencialmente ao júri popular, o réu não virá a Campo Grande, participando desta vez por videoconferência, diretamente do Presídio Federal de Mossoró (RN), onde está preso desde 2019.
Os demais réus do processo, estarão presentes no júri, sendo que Marcelo Rios também está preso na Penitenciaria Federal de Mossoró e veio escoltado da cidade do Rio Grande do Norte para Campo Grande. Everaldo Monteiro juntamente com Rafael Antunes Vieira, estão respondendo o processo judicial em liberdade.
O júri que se inicia hoje está marcado para acontecer até a quinta-feira, podendo se estender, se necessário, por mais um dia.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, devem ser ouvidas 16 testemunhas nestes quatro dias de julgamento.
Os reús vão responder por homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, motivo torpe, além de tentativa de homicídio contra o outro rapaz que foi baleado.
Jamil Name e José Moreira Freires também eram réus, mas morreram no decorrer do processo, enquanto o ex-guarda, Rafael Antunes Vieira, responde por porte ilegal de arma de fogo.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública será responsável pela transferência dos acusados durante o período de júri.
CONDENADO
A execução do estudante de Direito, Matheus Xavier, então com 20 anos, ocorreu em abril de 2019, também em Campo Grande. Apesar de ter sido o primeiro julgamento com júri popular de Jamilzinho, essa não foi sua primeira condenação.
O empresário Jamil Name Filho já acumula penas de pelo menos 54 anos e 3 meses por conta de outras três condenações criminais.
No caso da morte de Matheus Xavier pegou 23 anos e 6 meses. O julgamento teve início no dia 17 de julho de 2023 pela manhã, e foi encerrado no dia 19, pouco depois das 23h.
Neste caso o ex-guarda municipal Marcelo Rios também foi condenado pela execução do garoto, a 23 anos de prisão. Os jurados aceitaram a tese do Ministério Público de Mato Grosso do Sul que ele teve papel de intermediário no fuzilamento do rapaz no portão de casa.
Além dessa pena, Jamilzinho pegou mais 13 anos e 5 meses por organização criminosa, já que ele tinha a seu serviço um pequeno batalhão de pistoleiros para executarem suas ordens.
Inicialmente ele havia sido condenado a 6 anos por conta desta acusação, em julho de 2022. Mas, em agosto de 2024 o Tribunal de Justiça reformou a decisão e aumento a pena em mais 7 anos e 5 meses.
Antes disso, em dezembro de 2020, ele já havia sido condenado a 4 anos e 5 meses de prisão por ser proprietário de um arsenal de 26 armas apreendidas durante a investigação para esclarecer a morte de Matheus Xavier.
Policiais descobriram seis fuzis, um revólver 357, 11 pistolas 9 milímetros, quatro pistolas ponto 40, uma pistola de calibre 22 e outra pistola de calibre 380, além de duas espingardas, sendo uma de calibre 12 e outra de calibre 22. Também foram encontradas 1.753 munições, 392 para os fuzis AK-47.
O armamento estava em uma casa no bairro São Bento, na região central de Campo Grande, que pertencia à família Name. E, justamente por conta deste imóvel é que Jamilzinho foi condenado a outros 12 anos e oito meses anos de prisão, no final de junho de 2022.