Típico do Cerrado, produto é rico em vitamina A, antioxidantes e em propriedades anti-inflamatórias
A safra de pequi deste ano, marcada por um atraso no amadurecimento dos frutos, trouxe uma movimentação econômica importante para produtores e vendedores em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, o mercado da fruta típica do Cerrado está aquecido, com frutos maiores, mais carnudos e de alta qualidade, refletindo diretamente na demanda e no preço.
Hélio Bordão Silva, produtor rural e vendedor, é uma das muitas pessoas que têm se beneficiado da safra. Ele destaca que o atraso, embora incomum, trouxe vantagens inesperadas. “Normalmente, o pequi amadurece entre novembro e dezembro, mas este ano atrasou e acabou vindo em um momento excelente para as vendas. As frutas estão muito bonitas e grandes, o que está chamando a atenção dos clientes”, explica.
Segundo Hélio, o contraste com a safra anterior é evidente. “No ano passado, tivemos uma produção muito baixa. Os poucos frutos que apareceram foram consumidos por animais, como as araras, e a qualidade não estava tão boa. Este ano, foi o contrário: o pequi ficou mais tempo no pé, amadureceu melhor e está mais carnudo”, conta.
Alta demanda e aumento nos preços
O bom desempenho da safra se reflete nos números. O preço do pacote de pequi, que no ano passado custava R$ 10, subiu para valores entre R$ 20 e R$ 25. Apesar do aumento, Hélio afirma que a procura não diminuiu. “Mesmo com o preço mais alto, as vendas estão excelentes. A demanda está muito alta, tanto que tive que buscar frutos em propriedades vizinhas para dar conta”, relata.
Além disso, Hélio explica os cuidados necessários para garantir a qualidade da fruta até o momento da venda. “O transporte é feito em caixas abertas para evitar que o pequi abafe e apodreça. Depois, o cuidado maior é na hora de descascar e congelar, porque qualquer erro pode prejudicar a qualidade da polpa. Bem armazenado, ele dura o ano todo no congelador”, orienta.
O pequi, além de ser uma iguaria amplamente apreciada na culinária sul-mato-grossense, também representa uma importante fonte de renda para muitas famílias. Segundo Hélio, várias pessoas aproveitam a safra para complementar os ganhos. “Este ano, conheci grupos que se organizaram para colher, descascar e vender o pequi. Enquanto uns cuidam da colheita, outros descascam ou vendem em pontos estratégicos da cidade. É um trabalho em equipe que garante renda para várias famílias”, ressalta.
Saúde e tradição
Além de seu apelo cultural e econômico, o pequi também se destaca pelos benefícios à saúde. A nutricionista Mariana Oliveira explica que a fruta é um alimento altamente nutritivo e funcional. “O pequi é muito mais do que um ingrediente da culinária regional, ele é um verdadeiro tesouro nutricional. Esse fruto é rico em vitamina A, que protege a visão e fortalece a pele, além de conter antioxidantes que combatem o envelhecimento e aumentam a imunidade”, detalha.
Segundo Mariana, os benefícios não param por aí. “O mais interessante é que o pequi também possui gorduras saudáveis que beneficiam o coração e propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a aliviar dores articulares e musculares. É um alimento poderoso que une saúde e tradição”, conclui.
Entre os consumidores, a paixão pelo pequi segue forte. Ana Clara Souza é uma das muitas pessoas que fazem questão de incluir a fruta no cardápio durante o ano todo. “Assim que começa a safra, eu compro logo uma boa quantidade para congelar. O sabor do pequi é único, não tem como substituir. É tradição aqui em casa, e a gente paga o preço porque sabe que vale a pena”, conta.
Ana Clara também percebeu a diferença na qualidade deste ano. “Os frutos estão maiores e com mais polpa. Além disso, eles estão mais fáceis de encontrar. Eu amo fazer arroz com pequi, e esse sabor traz lembranças da minha infância. É mais do que comida, é uma conexão com a nossa cultura”, completa.
Por Roberta Martins
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