A guerra entre Rússia e Ucrânia entrou em mais uma escalada de violência na madrugada de terça-feira (10), quando Moscou lançou um dos maiores ataques aéreos dos últimos meses. As cidades de Kiev e Odessa foram bombardeadas com drones e mísseis, resultando em ao menos três mortes e diversos feridos, de acordo com autoridades locais. O novo ciclo de agressões ocorre no momento em que iniciativas internacionais para um cessar-fogo ainda não obtiveram resultados práticos.
O Exército russo lançou mais de 300 drones explosivos e sete mísseis contra alvos em território ucraniano. Segundo o Exército da Ucrânia, a defesa antiaérea conseguiu abater 213 drones e todos os mísseis. Mesmo assim, os ataques provocaram destruição e mortes, especialmente no sul e na capital do país. Em Odessa, o governador Oleg Kiper relatou: “O inimigo atacou Odessa maciçamente com drones. Infraestruturas civis sofreram danos e há incêndios. Os russos atingiram uma maternidade, um centro de emergências médicas e edifícios residenciais”. Segundo ele, duas pessoas morreram. A maternidade atacada foi esvaziada a tempo, o que evitou vítimas no local.
Em Kiev, o impacto foi igualmente severo. A cidade acordou com ao menos 12 explosões ouvidas por jornalistas no local. O prefeito Vitali Klitschko descreveu os ataques como “ataques maciços” e informou que uma mulher morreu e quatro pessoas ficaram feridas. Os bombardeios provocaram incêndios em automóveis e prédios residenciais.
Diante da intensificação dos ataques, o presidente ucraniano Volodymir Zelensky usou as redes sociais para cobrar uma reação mais firme dos países ocidentais. “Não tem alternativa exceto mostrar firmeza”, disse, dirigindo-se à Europa. Aos Estados Unidos, foi direto, pediu ações concretas, afirmando que Washington tem condições de forçar Moscou a buscar uma solução pacífica. Zelensky também revelou que dois mísseis disparados contra a Ucrânia foram fabricados na Coreia do Norte, o que agrava o cenário geopolítico do conflito.
A resposta da Ucrânia incluiu novos ataques com drones contra regiões russas. Em Belgorod, uma área fronteiriça, um drone ucraniano atingiu um pequeno supermercado, matando uma pessoa e ferindo outras quatro, conforme informou o governador Viacheslav Gladkov. Os bombardeios forçaram as autoridades russas a fechar temporariamente 13 aeroportos.
No campo diplomático, os esforços para retomar negociações de paz continuam emperrados. Os Estados Unidos e a Turquia vêm tentando mediar o diálogo entre os dois países, mas até agora sem sucesso. A única medida concreta até o momento foi a realização de uma troca de prisioneiros de guerra.
O Ministério da Defesa russo confirmou que a operação teve início na segunda-feira (9), com base em um acordo fechado na segunda rodada de negociações em Istambul, realizada em 2 de maio. “Todos os militares resgatados serão transportados à Rússia para passarem por reabilitação e tratamento médico”, informou o governo russo. O número de prisioneiros trocados não foi divulgado oficialmente, mas, segundo o jornal russo Sputnikhouve reciprocidade na quantidade de combatentes devolvidos pelas duas partes.
Enquanto isso, os pontos de maior desacordo seguem sem solução. Moscou exige que a Ucrânia reconheça como russos os territórios ocupados e renuncie à adesão à Otan. Por outro lado, Kiev exige a retirada total das tropas russas e busca garantias de segurança do Ocidente. A proposta de uma trégua incondicional de 30 dias, defendida pela Ucrânia e seus aliados europeus, foi recusada pelo Kremlin. O governo russo justificou a decisão dizendo que a trégua permitiria o rearmamento das forças ucranianas com ajuda externa.
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