Ponto polêmico durante a campanha eleitoral de 2024, os corredores de ônibus ainda devem permanecer no centro de discussões de Campo Grande. Isso porque, reeleita, a prefeita Adriane Lopes confirma o posicionamento pela conclusão das obras já iniciadas, mas destaca que pode até mesmo devolver recursos de obras ainda “no papel”, caso as audiências revelem insatisfação de quem mora ou atua profissionalmente nas proximidades dos corredores.
“Esses projetos, quando foram implementados na capital, não tiveram uma escuta apurada da população e talvez seja o motivo da desinformação e dos transtornos. Onde a obra já foi iniciada, a prefeita tem que terminá-la, porque senão respondo por improbidade a administrativa e não há o que se fazer onde já foi iniciada”, declarou a política ao Jornal Midiamaxem entrevista concedida na última sexta-feira (20).
As implantações existentes, ao mesmo tempo que otimizaram o deslocamento de usuários do transporte coletivo, ainda desagrada comerciantes – que responsabilizam as obras pela queda no número de clientes – e motoristas – que vivenciam acidentes quase que diários em algumas das rotas. Desta forma, o tema foi fortemente capitalizado pelos candidatos durante a campanha eleitoral.
“Onde a obra não foi iniciada, nós estamos aí com uma escuta, ouvindo os segmentos. Nem que a gente tenha que devolver recurso, mas se o entendimento dos comerciantes e moradores do entorno for de que aquele projeto não deva ser iniciado, nós vamos respeitar a vontade da população. Mas onde a obra foi iniciada, nós vamos ter que terminá-la”, pontuou a prefeita.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Günter Hans na mira
A implantação do corredor de ônibus da Avenida Günter Huns se arrasta desde 2021, com direito à mudança de empreiteira na licitação. Contudo, a abertura de uma nova licitação para a retomada do corredor sudoeste, que compreende a região da Rua Guia Lopes e Brilhante e Avenida Marechal Deodoro e Bandeirantes, já está em andamento.
Vale lembrar que, em maio deste ano, a prefeitura de Campo Grande, por meio da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), rescindiu o contrato que previa a implantação de melhorias no local. Com a rescisão, nos termos da justificativa exarada ao processo, há um saldo a favor da Contratada de R$ 250.977,27 e o valor devido de reajustamento de R$ 87.214,60, a pagar.
Corredor na Calógeras já teve apresentação a comerciantes
Enquanto o plano de execução do corredor de ônibus sul é detalhado com a empresa vencedora da licitação, comerciantes da Avenida Calógeras questionam a decisão da Prefeitura de Campo Grande em manter o projeto “mesmo vendo que os outros corredores só serviram de palco para acidentes e defasagem do comércio local”.
O apontamento é de um empresário que está abrindo uma loja de acessórios veiculares em trecho da Av. Calógeras e se preocupa com os prejuízos que a obra pode acarretar ao seu novo negócio. Para ele, se as outras obras tivessem causado mudanças positivas, não haveria discordância da execução do projeto na avenida. No entanto, as devolutivas de outros empresários que tiveram prejuízos ou precisaram fechar suas empresas durante o período de obra nos primeiros trechos a receber o corredor de ônibus, são preocupantes.
Corredores polêmicos
Desde que foram anunciados, com passarelas de embarque instaladas na via, e não na calçada, campo-grandenses se dividiram entre quem apoiava a medida e quem era contra. Segundo a Prefeitura, na época, o modelo utilizado impactaria menos o comércio de algumas regiões, como a Avenida Bandeirantes e as ruas Brilhante e Rui Barbosa. Nestas, a propósito, são conhecidas como palco frequente de acidentes automobilísticos – há até “colecionador” de vídeos de acidentes.
Neste ano, contudo, o debate chegou entre candidatos que disputaram o cargo vencido por Adriane. Na ocasião, diante das críticas da população e do histórico de acidentes, os candidatos Rose Modesto (União Brasil) e Beto Pereira (PSDB) prometeram que acabariam com os corredores, para investir em soluções mais efetivas a mobilidade urbana da cidade.
Durante a campanha eleitoral, Rose Modesto prometeu que, se eleita, iria consultar o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre o corredor de ônibus construído na Rui Barbosa.
“O projeto de mobilidade urbana feito nos grandes centros que deu certo ficou diferente do realizado aqui em Campo Grande. Nós vamos falar com o Ministério Público e mostrar que o projeto apresentado inicialmente é diferente do que foi executado. Além disso, há acidentes com os motoristas, risco para os pedestres e matou o comércio da Rua Rui Barbosa”, disse.
Uma das propostas de Rose Modesto era atualizar o plano de mobilidade urbana de Campo Grande, incluindo todos os tipos de veículos motorizados, não motorizados e pedestres.
‘Obras inacabadas’
Na promessa de campanha veiculada em propaganda eleitoral, o candidato Beto Pereira expôs a insatisfação dos comerciantes com os corredores implantados e prometeu remover as vias exclusivas de ônibus. Além do ponto de pré-embarque inacabado na Avenida Gunter Hans.
Já Adriane Lopes afirmou que pretende finalizar as obras da gestão que começou como vice-prefeita, para então decidir o destino delas. “Minha opção é terminar a obra começada e após terminá-la posso discutir o destino dela. Eu não posso deixar de concluí-los. A minha responsabilidade é terminá-los”, pontuou, na ocasião.
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