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Recomeçar: A luta contra o preconceito, a violência e o cuidado com a saúde mental no Janeiro Branco

No Janeiro Branco, Sônia compartilha sua luta contra o estigma dos transtornos mentais e os desafios de recomeçar após escapar de um relacionamento abusivo em busca de segurança e acolhimento

Eu sou borderline e bipolar. Enfrento muito preconceito.” Essas palavras são de Sônia, 42 anos, moradora de Campo Grande, MS, que decidiu compartilhar sua história em busca de conscientização. De Nova Alvorada do Sul, distante 115km de Campo Grande MS, ela se mudou para a capital após enfrentar episódios de violência doméstica e inúmeras dificuldades relacionadas ao seu diagnóstico.  

A campanha Janeiro Branco tem como principal objetivo dar voz a pessoas como Sônia, promovendo diálogos sobre saúde mental e conscientizando a sociedade sobre a necessidade de empatia e acolhimento. Para ela, recomeçar não é apenas mudar de cidade, mas reconstruir a vida enfrentando os estigmas e buscando forças para seguir em frente.  

“Já passei por tentativas de suicídio por causa de um relacionamento abusivo em minha cidade. Com a medida protetiva, sinto medo de voltar, pois não tenho uma garantia de segurança. Estou sozinha em Campo Grande, correndo atrás de ajuda, mas até aqui enfrentei o vazio e a falta de acolhimento, inclusive na Sala Lilás no pós-transporte para a capital. As pessoas cansam de ouvir, mas eu continuo lutando.”  

O Janeiro Branco é um convite à reflexão sobre temas como violência, preconceito e as dores invisíveis enfrentadas por pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, como o transtorno de personalidade borderline e o transtorno bipolar. Essas condições, frequentemente incompreendidas, são vistas com estigmas que dificultam o acesso ao apoio necessário.  

Sônia relata que perdeu amigos e oportunidades por causa do preconceito, mas encontrou forças em terapias e em momentos de autorreflexão. “As pessoas enxergam apenas o rótulo de borderline e bipolar, não veem a pessoa que está lutando para viver. O preconceito desumaniza, e é por isso que campanhas como o Janeiro Branco são tão importantes. A saúde mental é um direito de todos.”  

Apesar das dificuldades, Sônia se recusa a desistir de sua jornada. “Recomeçar é possível, mas é uma luta diária. Eu só quero que as pessoas saibam que não estão sozinhas e que, mesmo nos dias mais difíceis, existe uma saída.”  

No Janeiro Branco, é urgente dar espaço a histórias como a de Sônia, refletindo sobre como a sociedade pode acolher e proteger pessoas que enfrentam transtornos mentais e situações de violência. Cuidar da saúde mental e combater a violência de gênero não são apenas responsabilidades individuais, mas compromissos coletivos que podem salvar vidas.

Reportagem Pedrinho Bambam

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