Seis dias depois da surpreendente apreensão de 150 fetos mumificados de lhama em um ônibus na BR-262, próximo a Corumbá, outros 25 fetos, desta vez empalhados, foram apreendidos nesta quinta-feira (6) na mesma região do Estado.
Nas duas interceptações, feitas por agentes da Receita Federal, do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) e integrantes Polícia Militar, que estavam à procura de drogas e todos os tipos de contrabando, os fetos estavam em poder de bolivianos e a apreensão ocorreu porque foram trazidos ao Brasil de forma ilegal.
Na operação desta quinta-feira, um boliviano de 25 anos assumiu que era proprietário das lhamas empalhadas e afirmou que seriam vendidas em São Paulo, cidade onde residem milhares de bolivianos, que possivelmente seriam os compradores.
De acordo com a Receita Federal, as lhamas no seu habitat natural são forçadas a abortar os fetos, o que permite que cada uma gere de 3 a 4 filhotes por ano.
Por conta do risco de estarem com alguma doença já erradicada no Brasil, todas foram incineradas pelos fiscais da Ministério da Agricultura. O proprietário foi liberado para seguir viagem.
Outra apreensão
Em menos de uma semana, esta foi a segunda apreensão de fetos de lhama na fronteira com a Bolívia, ocorrência até então incomum na região.
No primeiro flagrante, no dia 31 de maio, foram apreendidos 150 fetos mumificados. O destino também era São Paulo, onde cada unidade seria revendida por cerca de R$ 250, o que renderia em torno de R$ 40 mil ao proprietário.
Segundo o site Diário Corumbaense, há uma crença cultuada principalmente pelos povos indígenas bolivianos, onde as famílias devem fazer uma oferenda à deusa andina Pachamama, a mãe terra, enterrando um feto de lhama embaixo de suas novas casas como proteção, saúde e boa sorte.
Fetos de lhama mumificados
Os fetos estavam sendo levados para São Paulo por uma mulher, a qual informou que fazia apenas o transporte dos animais e entregaria a carga para o verdadeiro proprietário. Após o depoimento, ela também foi liberada.
Lhama
Animal dos Andes
A lhama é um mamífero natural da região andina, mas há séculos foi domesticado e convive com as comunidades na Bolívia e em todos os países dominados pela cordilheira dos Andes, pois se adaptam bem à altitude, onde o ar é rarefeito, e às baixas temperaturas.
A gestação das lhamas é de cerca de 360 dias, e a fêmea dá à luz, geralmente, a um único filhote. Os filhotes pesam em média 10 quilos. São amamentados até quatro meses, e as fêmeas cuidam de seus filhotes até que eles completem um ano.
Porém, por como existe o comércio tanto de fetos empalhados quanto dos fetos mumificados, existe até o risco de extinção da espécie em algumas regiões bolivianas, acreditam pesquisadores.
CORREIO DO ESTADO