Dados consolidados da última colheita de soja divulgados nesta terça-feira (21) pela Aprosoja mostram que a queda na safra foi maior que o estimado até a semana passada, fechando em 12,35 milhões de toneladas, o que representa 600 mil toneladas abaixo daquilo que estava sendo anunciado até a semana anterior.
Isso significa retração de 18%, ou 2,7 milhões de toneladas a menos que a colheita do ano anterior, quando os protutores do Estado colheram 15 milhões de toneladas. Levando em consideração o aumento de 5,2% na área plantada, a queda foi ainda maior.
A produtividade média foi de apenas 48,8 sacas por hectare, ante 62,4 da safra anterior, o que representa queda de 21,8%. Essa redução é resultado, segundo a Aprosoja, da falta de chuvas e da irregularidade delas em boa parte do Estado desde outubro do ano passado.
Transformando as 2,7 milhões de toneladas em sacas, são em torno de 45 milhões de unidades a menos que no ano passado. E, levando em consideração o preço médio da saca no Estado na última semana, de R$ 123,75, os produtores de Mato Grosso do Sul estão deixando de faturar em torno de R$ 5,5 bilhões.
E em meio às seguidas informações negativas sobre os resultados da safra do principal produto da economia de Mato Grosso do Sul, é justamente esse preço da soja que está trazendo algum alento aos produtores.
Em fevereiro, em meio à colheira, a saca chegou a ficar abaixo dos cem reais, o que não ocorria fazia três anos e meio. Nesta semana, porém, cotação no sul do Estado chegou à marca dos R$ 127,00, superando até a expectativa dos mais otimistas, que não acreditavam que o valor pudesse superar os R$ 115,00 neste ano.
O MENINO
Conforme o Cemptec, a safra atual registrou temperaturas médias significativamente mais altas que o normal. Entre setembro e dezembro do ano passado, por exemplo, as temperaturas foram, em média, 3,5 graus acima da média
Depois disso, a situação foi parecida. Entre janeiro a abril de 2024, a média foi 2,5 graus mais alta em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa elevação de temperatura, explicam os técnicos da Aprosoja, resultou em estresse térmico para a produção agrícola.
Além do calor, a chuva ficou em 40% e 60% abaixo do esperado. Esse cenário adverso está associado à intensa atuação do fenômeno climático global El-Niño, que é responsável por tais alterações climáticas em Mato Grosso do Sul, principalmente no aumento da temperatura do ar.