O acompanhamento médico com especialista para assistir a paciente Letícia Gabriely, de 6 anos, é realizado na unidade de saúde do Bairro Aparecida, em Miranda. Com o médico clínico geral ao lado da mãe da menina, Luana Larissa Oliveira, de 36 anos, consegue tirar dúvidas e também recebe orientações presenciais.
Mas a quilômetros de distância, em outro estado, um médico neuropediatra faz os encaminhamentos para exames e a medicação da criança, que no ano passado foi diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
“A telemedicina veio para ajudar mesmo, principalmente por conta da dificuldade de deslocamento. Nós não precisamos mais ir para outro lugar para fazer a consulta, é tudo na nossa cidade, facilitou, é mais rápido”, afirma Luana Larissa.
Tudo é realizado por meio da teleinterconsulta, que é assistência médica especializada por meio de telemedicina – uma modalidade de oferta do telessaúde, realizada como parte do projeto Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi/SUS) com o Hospital Israelita Albert Einstein.
O programa é uma aliança entre seis hospitais de referência no Brasil e o Ministério da Saúde, com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada.
“O médico especialista realiza um atendimento por telemedicina e o médico da Unidade Básica de Saúde juntamente ao paciente é quem tira dúvidas e recebe todas as orientações e auxílio para definição de diagnóstico, exames e tudo mais que é necessário para atender o paciente”, disse a superintendente de Saúde Digital da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Márcia Tomassi.
Letícia Gabriely foi diagnosticada com TDAH há mais de um ano após consulta com médico especialista, com atendimento por meio do plano de saúde da família. “A gente procurou ajuda médica porque percebia que ela não aprendia, tinha dificuldade para começar a ler e escrever, não conseguia focar e perdia a atenção facilmente. Pelo plano foi demorado, tivemos que esperar e tinha que ir até Campo Grande”, explicou a mãe.
Mas foi por meio do projeto da SES que a família conseguiu qualidade de vida no dia a dia da criança. “O médico do posto indicou a telemedicina, que seria uma forma mais fácil de fazer a consulta com o neuropediatria. Agora a gente faz a consulta online, o médico daqui me acompanha para tirar as dúvidas e já recebo a receita dos medicamentos dela. Tudo sem o desgaste de ir para outra cidade”, confirmou Luana Larissa.
O médico clínico-geral André Vicente, que atua na unidade de saúde do município de Miranda, explica que o programa beneficia inclusive os profissionais, que acabam aprendendo e trocando experiências com os especialistas de um dos mais importantes hospitais do país, o Hospital Israelita Albert Einstein, que tem sede em São Paulo (SP).
“Tudo é mais rápido desta forma, avaliação para os pacientes, encaminhamento de exames. É importante também para embasar e justificar os pedidos, pois é embasado no que um especialista orientou. Além disso, acompanho os pacientes e acabo aprendendo muito nas áreas de endocrinologia, reumatologia, é ótimo”, disse o médico.
Em Mato Grosso do Sul, o programa foi estruturado e começou a funcionar em março deste ano, com atendimento em sete especialidades – endocrinologia, neurologia, neurologia pediátrica, pneumologia, cardiologia, psiquiatria e reumatologia – em 20 municípios. E por meio do programa já foram realizadas quase 2 mil atendimentos, até o fim de setembro.
“A seleção no Estado priorizou regiões com vazio assistencial de oferta especializada, quantitativo de pacientes com doenças crônicas, região de fronteira, que é bem significativo na escolha, assim como população indígena e também porque pertence a Rota Bioceânica, possibilitando a melhoria da rede”, afirmou a superintendente de Saúde Digital da SES.
O projeto contribui para a melhoria da saúde pública em Mato Grosso do Sul, com acesso a atendimento médico especializado, como é o caso da paciente Letícia Gabriely, de Miranda.
“O telessaúde faz apoio, estimula, incentiva e monitora dados, além de orientar gestores e equipe técnica sempre que necessário, auxiliando a reduzir a fila e qualifica o atendimento. E qualifica também o médico que solicita o atendimento com o a especialidade, com sugestão de conduta, encaminhamento de exames e a definição de diagnóstico. É extremamente importante, além da redução de fila, regulação, agilidade no atendimento, diagnóstico e auxilia na qualificação dos médicos. A partir do momento que ele aprende a tratar um caso específico ele passa a não ter mais necessidade de encaminhamento, para fila de regulação para especialista presencial e às vezes para a telemedicina porque ele está ciente como realiza atendimento daquele quadro”, disse Márcia Tomassi, da SES.