Demissão da professora Cláudia Américo dos Reis, 63 anos, gerou revolta e comoção entre vereadores, docentes e pais, em Jardim, a 226 Km de Campo Grande. Cláudia e seus pares denunciam violência e perseguição política, já que ela simplesmente cobrava ventilação na sala de aula para os pequenos.
Reis tem extenso currículo na Educação e história com a cidade, já que o pai, Paulo Américo dos Reis – em memória – era militar e fora transferido para abrir estradas na cidade, na década de 60. Foi lá que ela conheceu o que é o atual esposo. Também lecionou no campola da Universidade Estadual de MS na cidade.
A professora lembrou que passou seis anos na Capital para cuidar da mãe com problemas de saúde. Quando retornou para Jardim passou em um processo seletivo e foi trabalhar com crianças de 9 a 14 anos. No entanto, a sala de aula na Escola Municipal Major Alberto Rodrigues da Costa, era pequena e o ar condicionado não funcionava.
” … se você fecha a janela, seriam 32 crianças e eu respirando o mesmo ar. Se abre a janela pega sol forte”, explicou a docente, que acrescentou que iniciou as reclamações em fevereiro deste ano para a diretora da unidade.
”Ela me disse: ‘eu não sou eletricista, não posso fazer nada”, contou a denunciante. Sem solução, Claudia procurou a secretária de Educação. Tempos depois a turma foi colocada para ter aula no auditório da Escola.
”Me tiraram do meu ambiente, fui sem armário e materiais, mas tinha conforto térmico”, comentou Reis. No entanto, quando havia eventos no auditório, professora e alunos tinham de voltar à sofrência de sempre.
Na quinta-feira, 30 de maio, conta Cláudia, a diretora da unidade abordou os alunos de forma ríspida e disse que haveria um evento no auditório. A professora reclamou que iria passar calor na sala, mas acatou a decisão. Depois veio a saber que o auditório seria usado pela prefeita, Dra. Cleidiane, que é candidata à reeleição.
No retorno para sala, a professora – revoltada – tirou fotos de cortinas improvisadas e levou para a Secretaria de Educação. Em vez de ter a reclamação acolhida, foi acusada de usar celular em sala de aula, o que seria proibido.
A professora disse que agiu no calor da emoção ao tirar foto das condições da sala, mas foi acusada pela diretora de agir de má fé. Claudia alerta que foi exonerada e não pediu demissão, diferente do que teria sido espalhado na escola.
Vereadores se revoltaram com demissão ”política” de professora (Reprodução Instagram)
Revolta
Dois vereadores e o pré-candidato a prefeito de Jardim lamentaram a demissão da professora e citaram que trata-se de violência política, em represália às críticas feitas por ela.
A vereadora Jakeline Ayala gravou vídeo no Instagram e denunciou o caso.
”Pediu para que arrumassem um lugar melhor ou consertasse o ar-condicionado. Conversou com a diretora e sabe o que fizeram? A mandaram embora”, desabafou a parlamentar.
Vereador Hans Muller também se revoltou com a demissão. ”Fica o meu repúdio. Estava brigando pelo direito das crianças, para manter a sala um ambiente confortável. Foi exonerada por conta de perseguição política”.
O advogado e pré-candidato a prefeito, Juliano Miranda, o Guga, criticou a medida tomada pela prefeitura.
”É inadmissível o que vem ocorrendo em jardim, não admitimos violência, e violência política é pior. As funcionárias públicas de jardim estão proibidas de se manifestar”, disse o advogado.
”Não trabalho por dinheiro, amo o que faço e sou respeitada. Construí um nome. Quero preservar meu nome, a professora que sempre fui”, concluiu Cláudia.