Mato Grosso do Sul enfrenta um dos piores cenários na produção de soja dos últimos dez anos. A safra 2023/2024 apresentou uma queda de mais de 21% na produtividade, situando-se como a terceira pior da última década. Com uma área plantada recorde de 4,2 milhões de hectares, um aumento de 5,2% em relação ao ciclo anterior, a produtividade ficou em apenas 48,84 sacas por hectare, resultando em uma produção total de 12,3 milhões de toneladas – uma redução de 17,7%.
O presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, destaca o impacto negativo na economia do estado: “Olhando pelo aspecto financeiro do produtor do nosso Estado, em comparação com a safra anterior, haverá uma diminuição aproximada em seu fluxo de caixa na ordem de 11 milhões de reais a menos, comprometendo sensivelmente sua capacidade de fazer frente a todos os seus compromissos, pois quando a agricultura enfraquece, todos os ramos da economia sofrem com a queda da colheita”, reflete.
A seca foi apontada como a principal causa da redução na produtividade, que já havia sido revisada em abril para 50,5 sacas por hectare, abaixo da projeção inicial de 54 sacas por hectare. O coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta, reforça: “Este ano, a área de soja atingiu um novo recorde, continuando sua tendência de crescimento constante. No entanto, a seca deste ano prejudicou a produção, que poderia ter mantido a média de crescimento dos últimos 10 anos de 6,8%”.
Mesmo diante de adversidades climáticas, os avanços tecnológicos no setor são notáveis. No entanto, a queda na produtividade final para 48,84 sacas por hectare evidencia uma perda significativa na eficiência do cultivo da soja, comparável apenas aos piores anos da última década.
O analista econômico da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes, menciona estratégias para mitigar perdas na comercialização dos grãos devido à queda nos preços. Uma das abordagens é o carrego de estoques para venda futura, aproveitando momentos mais favoráveis. “Essa prática visa tirar vantagem dos momentos mais favoráveis através da armazenagem do grão para ser comercializado em períodos mais propícios, quando os preços estiverem maiores. A tomada de decisão nessa estratégia requer uma análise cuidadosa das condições de mercado, incluindo preços futuros e prêmios oferecidos”, explica Fernandes. Ele também ressalta a necessidade de atenção à capacidade de armazenagem e às condições climáticas, que podem influenciar diretamente os preços e a oferta de grãos.
Os principais destinos do grão produzido em Mato Grosso do Sul continuam sendo a China, que absorve 68% das exportações, e a Argentina, com 23%. O estado mantém a quarta posição no cenário nacional de produção de soja.
Os municípios que lideram o ranking de produtividade nesta safra são Alcinópolis (75,5 sc/ha), Costa Rica (74,53 sc/ha), Chapadão do Sul (71,81 sc/ha), São Gabriel do Oeste (64,57 sc/ha) e Sonora (59,79 sc/ha), demonstrando que, apesar das dificuldades, algumas regiões conseguiram manter índices de produtividade elevados.