Mato Grosso do Sul deverá enfrentar uma significativa redução em sua produção agrícola em 2024, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado pelo IBGE em julho. A estimativa prevê uma safra de 21,1 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas no estado, uma queda de 23,2% em comparação com o ano anterior, quando foram produzidas 27,5 milhões de toneladas. A redução na produção está associada a uma série de fatores climáticos adversos, como estiagens e altas temperaturas, que afetaram as principais culturas do estado.
A área a ser colhida em 2024 deve totalizar 6,4 milhões de hectares, um ligeiro aumento de 0,13% em relação a 2023. No entanto, a produção global foi prejudicada por condições climáticas desfavoráveis, especialmente para a soja e o milho, as duas culturas mais importantes do estado.
Impacto nas principais culturas
A soja, que representa a maior parte da produção agrícola de Mato Grosso do Sul, deve alcançar 11,3 milhões de toneladas em 2024. Apesar de ocupar a quinta posição no ranking nacional de produção, a cultura foi severamente impactada por uma estiagem durante o período de semeadura e pela continuidade de condições climáticas adversas, o que resultou em uma redução significativa no rendimento médio. A soja deve representar mais da metade (53,6%) da produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas do estado.
A produção de milho também enfrentou desafios consideráveis. Houve uma redução de 8,4% na área plantada com milho em comparação a 2023, sendo que as safras de milho de primeira e segunda colheita sofreram as maiores quedas. A combinação de estiagem e plantio fora do zoneamento agrícola recomendado resultou em espigas de menor qualidade e uma produção reduzida.
O algodão, por outro lado, apresenta um cenário misto. Apesar de um aumento de 9% na área plantada, espera-se uma ligeira queda na produção, estimada em 156 mil toneladas para 2024, devido às altas temperaturas durante o ciclo da cultura. Mato Grosso do Sul ocupa a terceira posição nacional na produção de algodão herbáceo, atrás de Mato Grosso e Bahia.
Detalhamento das culturas menores
Além das culturas de soja, milho e algodão, outras culturas em Mato Grosso do Sul também apresentaram variações importantes:
- Feijão: A produção de feijão no estado deve alcançar 16,3 mil toneladas em 2024, considerando as três safras. A área plantada e colhida teve um aumento expressivo, passando de 11.343 hectares em 2023 para 14.726 hectares em 2024. A primeira safra já colhida resultou em 326 toneladas, a segunda safra produziu 12.984 toneladas, e a terceira safra está estimada em 3.034 toneladas.
- Trigo: O trigo, com estimativa de área plantada e colhida de mais de 45 mil hectares, deverá alcançar uma produção de 69.667 toneladas. Mato Grosso do Sul ocupa a sétima posição nacional na produção de trigo, em um ranking liderado pelo Rio Grande do Sul e Paraná.
- Sorgo: A previsão para a produção de sorgo é de 218.343 toneladas, considerando as safras de primeira e segunda colheita. A área plantada e colhida está estimada em 72.405 hectares. Mato Grosso do Sul é o quarto maior produtor de sorgo no Brasil, atrás de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Comparação com o cenário nacional
Em termos nacionais, a produção agrícola também enfrenta desafios, embora a situação varie entre as regiões. A região Centro-Oeste, da qual Mato Grosso do Sul faz parte, continua a liderar a produção nacional, respondendo por 48,5% do total de cereais, leguminosas e oleaginosas. Mato Grosso permanece como o maior produtor individual, com 30,6% da produção nacional, seguido pela região Sul, que contribui com 27,3%.
O gerente do LSPA, Carlos Barradas, destacou que as variações na área plantada estão frequentemente ligadas aos preços de mercado durante o período de plantio. A produção de arroz, por exemplo, aumentou após anos de declínio, em parte devido ao aumento nos preços do cereal. Por outro lado, a produção de milho caiu, refletindo o preço depreciado do grão, o que levou muitos produtores a substituí-lo pelo algodão, cuja produção deve atingir um recorde histórico em 2024.
Problemas climáticos também afetaram outras regiões do país, como o Rio Grande do Sul, que sofreu com excesso de chuvas e inundações, impactando negativamente a produção de soja.
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