Mesmo após o confronto que ocorreu entre a noite de sábado (18) e a madrugada deste domingo (19), com a morte de um criminoso que tentava arremessar celulares para dentro dos muros do Presídio Jair Ferreira Carvalho, conhecida como Máxima, o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) Rodrigo Maiorchini, relatou que os procedimentos seguem ‘normais’.
Quando questionado se os procedimentos mudariam ou as revistas ficariam mais rigorosas, Maiorchini se limitou a dizer que, “os procedimentos seguem normais”. Policiais penais foram alvos de tiros na madrugada por um grupo de criminosos que tentava arremessar para dentro da Máxima celulares, que acabaram apreendidos por policiais do Batalhão de Choque depois do confronto em que um dos bandidos morreu.
Já o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul), André Santiago, a categoria espera uma resposta rápida, “Estão esperando enviar uma coroa de flores para uma família para depois tomarem uma atitude?.”, questionou.
“A Agepen não teve coragem de dar uma resposta imediata no combate ao crime organizado, como outros estados fizeram”, disse Santiago. O presidente do sindicato ainda fala da necessidade de maior efetivo e da regulamentação da Lei dos policiais penais. O sindicato emitiu um alerta sobre aos agentes depois do ocorrido neste domingo. Leia o alerta na íntegra:
“O SINSAP informa que há suspeita de um atentado ocorrido contra policiais penais na noite de sábado, 18 de maio, na Unidade de Segurança Máxima. Em função desse incidente, o SINSAP exige uma resposta imediata da SEJUSP e da AGEPEN, visando a segurança de todos os servidores. É crucial que todos os policiais penais e demais servidores fiquem atentos e redobrem a cautela. O sindicato está comprometido em acompanhar o caso de perto e exigirá medidas efetivas para prevenir novos incidentes.”
Após o confronto entre criminosos e policiais militares, muitas mulheres que iriam visitar seus maridos e filhos no presídio acabaram desistindo da visita por medo. Um comerciante que estava vendendo café, salgados na porta da Máxima relatou ao Midiamax sobre a diminuição das visitas neste domingo.
“O último número que escutei chamar foi 170 e geralmente vai até uns 300 em dias de visita.”, disse o comerciante. O ambulante ainda falou que toda vez que ocorre algo deste tipo, muitas mulheres ficam com medo.
Uma moradora dos arredores da Máxima, no Jardim Noroeste falou para o Jornal Midiamax que já virou rotina, os criminosos tentarem arremessar celulares para dentro dos muros do presídio.
O confronto
Os policiais foram chamados para atender a ocorrência contra agentes policiais penais. No local, foram informados que alguns indivíduos efetuaram cerca de 10 disparos contra os agentes. Quando indagados sobre as características dos criminosos, relataram que um deles usava uma camiseta, de cor vermelha.
Durante as buscas pelos autores, os policiais encontraram uma pessoa transitando a pé na Rua Adventor Divino De Almeida. Eles se aproximaram para realizar uma abordagem. Após alguns metros, os policiais foram surpreendidos por dois tiros e revidaram.
Foi solicitado apoio da Rotac (Rondas Ostensivas Táticas e Ações de Choque), que encaminhou o ferido para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Nova Bahia, onde foi constatado o óbito. A perícia recolheu do local dois celulares envoltos em espuma e fita adesiva de cor verde, “característico aos lançados para o interior do presídio”. Também foi recolhida uma uma arma, tipo revólver, de cor clara calibre 38 contendo 4 munições intactas e 2 deflagradas.
Celulares nos presídios
Sem bloqueadores de sinal e sem combate efetivo da corrupção entre servidores, as cadeias de Mato Grosso do Sul se tornaram verdadeiros escritórios conectados com o mundo para detentos que comandam organizações criminosas a partir das celas da Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária).
Assim, esquema supostamente organizado em parceria entre presos faccionados e servidores da cúpula administração penitenciária corrompidos teriam transformado as ‘telecomunicações ilegais’ um negócio milionário nas cadeias da Agepen.
Para funcionar, o esquema aproveitaria brechas intencionalmente mantidas. Dessa forma, o acesso de empresas terceirizadas, a ‘vista grossa’ para o arremesso de pacotes para dentro dos presídios, a entrada de visitas e até mesmo de servidores que burlam revistas seriam os meios de colocar aparelhos celulares nas penitenciárias de Mato Grosso do Sul.
Não importa o tamanho da prisão, todas estariam comprometidas, mostram inúmeras ocorrências policiais que apontam como mentores intelectuais detentos sob responsabilidade da Agepen. Isso sem falar dos constantes flagrantes de celulares e até explosivos ‘guardados’ pelos bandidos na segurança das cadeias.