O motociclista preso pela morte de Nicholas Yann Santos de Jesus, de 20 anos, em um acidente no Autódromo de Campo Grande, na madrugada de domingo (2), ganhou a liberdade nesta segunda-feira (3). Ele havia sido preso quando recebia alta do hospital.
O rapaz passou por audiência de custódia e ganhou a liberdade provisória. Ele foi preso ainda no domingo quando recebia alta da Santa Casa depois de ser levado ao hospital com escoriações devido ao acidente. A mulher que estava na garupa da motocicleta sofreu fraturas na perna e no braço.
Quando preso, ele disse que ‘não viu a motocicleta’. Para os policiais, ele falou que havia ingerido um copo de bebida alcoólica, mas o teste do bafômetro deu negativo. Ainda de acordo com o autor, ele estava empinando a sua motocicleta e não teria visto a aproximação de Nicholas.
Aos policiais, a mulher contou que o autor do acidente a chamou para dar uma volta e estava fazendo a manobra de empinar quando aconteceu a colisão.
Tanto a vítima, Nicholas, quanto o autor que estava na outra motocicleta tinham CNH (Carteira Nacional Habilitação) AB. De acordo com o autor, ele ficou sabendo da morte de Nicholas ainda no Autódromo. Um dos organizadores do evento tentou retirar do local a motocicleta de Nicholas.
Nicholas havia ganhado a motocicleta de seus pais duas semanas antes do acidente para trabalhar. O rapaz foi enterrado nesta manhã de segunda (3).
‘Fadado à fatalidade’, disse o delegado
“Ele tem um histórico de eventos envolvendo acidentes graves de trânsito, não sei como continua realizando eventos. Desta vez, infelizmente, essa falta de responsabilidade resultou na morte de um jovem. No local já não se encontrava nenhum organizador, apenas pessoas que trabalhavam para o mesmo. Foi constatada uma situação bem peculiar no que diz respeito à situação de risco que estava sendo exercida ali, as pessoas estavam fazendo manobras, empinando motocicletas, num ambiente com vasta quantidade de bebida, sem utilização de capacetes ou equipamentos de proteção, com garupas, provavelmente, com menores de idade, pois não havia controle algum da entrada. Uma situação fadada para a fatalidade”, disse o delegado.
Para o delegado, Manolo e o condutor assumiram o risco da fatalidade. Ainda há possibilidade de outras pessoas serem envolvidas no inquérito, por exemplo, a direção do próprio autódromo e funcionários do influenciador que promoveu o evento.
“Agiram em dolo eventual, portanto, têm um grau acima da culpa, não foi uma mera imprudência, imperícia ou negligência, houve uma assunção de risco. Claramente, todos os envolvidos na situação estavam assumindo o risco de levar alguém ao óbito. O mero fato de não ter nenhum responsável quando a equipe chegou e atuando ativamente para descaracterizar esse local de crime, já demonstra que estavam fazendo algo irregular. Se regular fosse, não haveria essa conduta de se evadir do local e tentar descaracterizar o crime que, inclusive, constitui um crime autônomo previsto no Código de Trânsito, que é de inovar artificiosamente durante o local de crime de trânsito. A moto só não foi retirada do local porque se tivéssemos chegado 30 segundos depois, a moto seria retirada. No momento em que estávamos entrevistando as pessoas, essa pessoa (suposto funcionário do influenciador) se aproveitou para se evadir do local, mas foi identificado com tranquilidade, um funcionário e conhecido do influenciador, embora não seja organizador do evento, será chamado para prestar esclarecimentos”.