Campo Grande registrou temperatura média de 25,6°C até setembro, 1,4°C acima da média no mesmo período de 2023
Enfrentando várias ondas de calor nos últimos meses, Campo Grande já tem neste ano a maior média de temperatura da história, contando a partir de janeiro até o mês passado. Mas essa situação pode piorar, uma vez que historicamente o mês mais quente do ano é outubro, enquanto novembro e dezembro, em função do verão, também costumam ser quentes.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) compilados pelo Correio do Estado até setembro, a Capital está com uma média de temperatura de 25,6°C neste ano.
Em comparação ao mesmo período analisado, que começa em 1961, essa é a maior média histórica de temperatura já registrada. Antes, 2020 era o ano campeão, com uma temperatura média de 24,7°C.
O calor médio de Campo Grande neste ano superou em quase 1°C a maior média de temperatura da Capital até então registrada, há quatro anos.
Conforme o meteorologista do Cemtec-MS Vinicius Sperling, historicamente, este mês costuma ser o mais quente
do ano em diversos municípios do Estado, o que indica que essa média ainda pode crescer.
“Outubro, aqui (em MS), é o mês mais quente do ano para muitos municípios do Estado, porque as chuvas normalmente não estão bem estabelecidas e a radiação solar começa a ter uma intensidade maior. E com a atmosfera seca, você tem muito calor”, disse o especialista ao Correio do Estado.
Em Campo Grande, a maior temperatura máxima registrada neste ano foi de 39,8°C, em 24 de setembro. A alta temperatura pode ter contribuído para o mês passado terminar com 27,4°C de média. No Estado, contabilizando todos os municípios, a média de temperatura para setembro foi inferior ao da Capital, registrando 25,3°C, de acordo com o Inmet.
A maior média mensal de temperatura em Campo Grande neste ano foi de 27,9°C, registrada em março. No Estado, a média em março chegou a 28,3°C, em um período em que foi registrado diversas ondas de calor, com temperaturas máximas passando dos 40°C.
Conforme dados históricos de temperaturas elaborados pelo Inmet, de 1961 até 1990, Campo Grande tinha 22,2°C de temperatura média compensada, isto é, o calculo médio que foi realizado com base em períodos de dados longos e incompletos de estações meteorológicas.
Já os registros de temperatura média compensada de 1981 até 2010 de Campo Grande mostram uma leve elevação, para 22,7°C.
Segundo informações do Cemtec-MS, no ano passado, a temperatura média do Estado foi a maior registrada em um período de 30 anos.
A temperatura média anual para Mato Grosso do Sul, conforme os dados climatológicos do Cemtec-MS, é de 24,5°C. Contudo, nos 12 meses do ano passado, a temperatura média anual do Estado foi de 25,7°C.
ONDA DE CALOR
Neste mês, uma nova onda de calor atinge Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, conforme o Inmet, a mínima para os próximos dias é de 23°C, enquanto a temperatura máxima pode chegar a 40°C, com chances de ocorrer chuvas isoladas. Já a umidade gira em torno de 20%.
Na região pantaneira, Corumbá deve ter um calor ainda mais intenso, com máxima prevista de 42°C, também com possibilidade de chuva isolada neste início de mês.
Já no sul do Estado a semana começou quente, com temperaturas entre 18°C e 36°C, mas pode terminar com termômetros oscilando entre 21°C e 25°C.
FUTURO CATASTRÓFICO
Reportagem do Correio do Estado deste ano mostrou que estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) revelaram que, se não houver a redução da emissão de gases que causam o efeito estufa em Mato Grosso do Sul, a temperatura média do Estado pode aumentar de 5°C a 6°C em 80 anos.
Nesse cenário pessimista, os estudiosos alertaram que, além do aumento da temperatura, Mato Grosso do Sul também registraria uma redução de chuva acumulada anual de aproximadamente 15% no norte do Estado, um aumento de eventos de chuvas extremas em 20% e um crescimento de dias secos no ano, fazendo com que a estação seca tenha um mês a mais.
O professor doutor em Física Vinicius Buscioli Capistrano, do Laboratório de Ciências Atmosféricas (LCA) do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), explica que algumas dessas mudanças climáticas já são irreversíveis, mas que outras podem ser retardadas e até mesmo interrompidas caso haja uma mudança da ação humana.
“Se zerarmos a emissão de gases do efeito estufa hoje, conseguiríamos manter o aquecimento do globo abaixo de 1,5°C no fim deste século, em conformidade com o Acordo de Paris. O planeta vai aquecer 0,5°C, saindo de 1,0°C atual de aquecimento e chegando a 1,5°C”, detalha.
Saiba
A primavera, que iniciou em setembro e terminará no dia 21/12, trará para Mato Grosso do Sul chuvas mais regulares nos próximos três meses.