InícioDestaquePré-estreia do filme acontece hoje com sessões que seguirão até 2 fevereiro

Pré-estreia do filme acontece hoje com sessões que seguirão até 2 fevereiro

“Emilia Pérez”, do diretor francês Jacques Audiard, mistura de forma ousada drama e musical, desafiando convenções e expectativas. Com 13 indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção, o filme é um dos principais concorrentes de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, na temporada de premiações. Já gerando discussões no cenário cinematográfico internacional, o filme tem pré-estreias hoje (30) no Brasil, com sessões especiais até 2 de fevereiro, e estreia oficial nos cinemas brasileiros em 6 de fevereiro.

O elenco de Emilia Pérez conta com grandes nomes internacionais, como Selena Gomez (“Only Murders in the Building”), Zoë Saldaña (“Guardiões da Galáxia” e “Avatar”), Karla Sofía Gascón (“Rebelde”) e Édgar Ramírez (“Caçados de Emoção: Além do Limite” e “Carlos”). Saldaña levou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro 2025. E enquanto Sofía Gascón perdeu o prêmio de Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical para Demi Moore.

A produção se destaca como o filme de língua não inglesa com o maior número de indicações ao Oscar neste ano, incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz para Karla Sofía Gascón e Melhor Diretor. O filme também concorre em outras categorias como Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, e duas indicações em Melhor Música Original para as canções “El Mal” e “Mi Camino”.

Ambientada no México, a trama segue Emilia, uma poderosa líder de cartel interpretada por Karla Sofía Gascón, que após anos comandando o tráfico, decide transformar sua vida e assumir sua verdadeira identidade. Para isso, ela recorre a Rita, uma advogada interpretada por Zoë Saldaña, que, embora esteja em uma carreira sem perspectivas, aceita a proposta ousada de ajudar Emilia a simular sua própria morte e começar uma nova vida como mulher.

O filme apresenta uma avaliação mista entre o público e a crítica. No Rotten Tomatoes, plataforma de análises especializada, obteve uma aprovação de 74%, com base em 243 avaliações. Já no Pipocômetro, com mais de 5.000 avaliações, a recepção do público é mais crítica, registrando apenas 22%. O filme explora temas como identidade, redenção e a busca por liberdade, e busca um retrato de coragem e transição, tanto pessoal quanto social.

Crítica

Audiard, conhecido por seus dramas épicos como “O Profeta” e “Dheepan”, lança em Emilia Pérez, um território ousado e incomum em sua carreira: o musical. No entanto, não se trata de um musical convencional. Os números musicais no filme são integrados de maneira não-diegética, ou seja, os personagens interrompem cenas dramáticas – e até de ação – para cantar e dançar, gerando uma dinâmica que pode desagradar quem não gosta do gênero.

As músicas, compostas pela artista Camille, são carregadas de intensidade emocional, refletindo a busca de Emilia por sua verdadeira essência. Audiard ainda mistura elementos visuais inovadores, brincando com a transformação dos espaços cotidianos em palcos de expressão artística. O uso de música ao vivo e as transições de gênero, estilos e formatos cinematográficos buscam proporcionar uma experiência cinematográfica de imersão.

Outro destaque do filme é a performance de Karla Sofía Gascón, atriz transgênero que, ao interpretar a personagem principal, não apenas entrega uma performance cativante, mas também adiciona uma profundidade emocional ao filme. Gascón, conhecida por sua carreira em novelas mexicanas, traz à tona um retrato visceral e autêntico de uma pessoa em busca de seu verdadeiro eu, algo que ressoa com sua própria trajetória de vida.

Polêmicas

Apesar do sucesso nas premiações, “Emilia Pérez” tem gerado polêmica pela forma como aborda a cultura mexicana. Embora a trama se passe no México, o filme foi inteiramente produzido na Espanha e na França, o que suscitou críticas, especialmente por parte da população mexicana. Muitos acusam a produção de descaracterizar o contexto e a cultura do país, perpetuando estereótipos negativos relacionados ao tráfico de drogas, ao crime organizado e à violência, comuns na representação do povo latino.

O filme conta com um elenco predominantemente internacional, com destaque para a protagonista Emilia, a única personagem interpretada por uma pessoa latina. A produção é estrelada majoritariamente por atores espanhóis e norte-americanos, sob a direção do cineasta francês Jacques Audiard. A escolha de um elenco tão diverso, aliada à mistura de idiomas, gerou controvérsias, com o público questionando a fidelidade da representação da realidade mexicana, especialmente pela dificuldade de alguns atores em falar espanhol de forma autêntica.Para ajustar a afinação de algumas músicas em “Emilia Pérez”, foi aplicada

Artificial nas cenas de Karla Sofía . O editor de som Cyril Holtz explicou em uma entrevista ao canal francês “Commission supérieure technique image & son” que o uso da tecnologia foi necessário para corrigir certas notas musicais, já que a atriz enfrentava dificuldades vocais causadas pelos efeitos colaterais dos medicamentos que tomava como parte do seu processo de transição de gênero.

O filme “Emilia Pérez” também gerou críticas pesadas de figuras influentes, como o filósofo espanhol Paul B. Preciado, conhecido por suas análises sobre gênero e sociedade. Em um artigo publicado no jornal “El País”, Preciado acusou o longa de reforçar uma “narrativa colonial e patologizante” sobre a transição de gênero, além de apontar um exotismo antilatino. As críticas se estenderam à forma como a produção lida com a identidade mexicana e os temas LGBTQIA+, gerando discussões intensas sobre a representação desses elementos no filme.

“O espanhol não é sua língua primária, nem secundária, nem a quinta. E é por isso que sinto que ela não sabe o que está dizendo, e se ela não sabe o que está dizendo, ela não pode dar nenhuma nuance à sua atuação. Seu desempenho não é apenas pouco convincente, mas desconfortável”.

Essas palavras foram ditas por Gaby Meza, apresentadora do podcast Hablando de Cine, ao criticar a atuação de Selena Gomez em Emilia Pérez. Meza, junto com o ator Eugenio Derbez, destacou a dificuldade da atriz em interpretar em espanhol, uma vez que a língua não é sua principal. A crítica gerou discussões sobre a escolha do elenco e a autenticidade da representação cultural no filme, com a performance de Gomez sendo apontada como algo desconfortável e falha em transmitir nuances adequadas para o papel.

Como é comum entre brasileiros, a competição direta com “Ainda Estou Aqui” tem gerado uma onda de críticas contra Emilia Pérez. Em uma mobilização nas redes sociais, brasileiros se uniram aos mexicanos para contestar o filme de Jacques Audiard. Para muitos, Emilia Pérez representa um obstáculo ao sucesso de Walter Salles nas premiações. A avalanche de críticas e piadas direcionadas ao filme rival foi tão intensa que Karla Sofía Gascón, indicada a Melhor Atriz, chegou a pedir “ajuda” a Fernanda Torres em entrevista ao site G1. Em resposta, Fernanda pediu em suas redes sociais que os brasileiros tratassem Gascón com respeito e carinho.

“Emilia Pérez” é uma obra cinematográfica que mistura gêneros e propõe uma reflexão sobre identidade e liberdade. Com uma trama envolvente, performances intensas e a direção de Jacques Audiard, o filme se posiciona como um dos maiores candidatos ao Oscar de 2025 e maior concorrente dos brasileiros.



oestadoonline

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