Vereador alega que investigação sobre corrupção é anterior ao período em que “herdou” mandato e deixa claro que não pretende renunciar
Quase um mês depois de ser preso por envolvimento em suposto esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia, o vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB) rompeu o silêncio nesta quinta-feira (2) e alegou que os fatos sob investigação “são antigos e não possuem qualquer relação com o mandato de vereador que exerço desde maio de 2023”.
Usando tornozeleira eletrônica desde o dia 26, quando foi solto, o vereador, porém, não se manifestou sobre a pertinência ou não das acusações que foram divulgadas pelo Ministério Público, as quais apontam o ex-secretário de finanças de Sidrolândia como chefe de um esquema que desviou em torno de R$ 15 da administração municipal.
Na nota que divulgou nesta quinta-feira, disse apenas estar “seguro da minha inocência, em respeito às autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público, esclareço que irei me pronunciar sobre os fatos que estou sendo acusado apenas dentro do processo, através dos meus advogados. Publicamente, para mim, este assunto está encerrado”.
Confiante de que não será cassado, embora já exista um pedido formal para que isso ocorra, afirmou que “nos próximos dias irei me dedicar ao reestabelecimento da minha saúde emocional para que possa retornar com a maior brevidade possível ao exercício do mandato parlamentar de forma atuante e aguerrida, como é de minha característica”. Ele apresentou um atestado médico válido por 30 dias.
Neste período, continuou, “meu gabinete seguirá de portas abertas e trabalhando incessantemente em projetos que já estavam em nossas pautas. À população de Campo Grande, aos colegas vereadores e principalmente aos 3.616 eleitores que confiaram a mim o seu voto, afirmo com veemência que os fatos investigados são antigos e não possuem qualquer relação com o mandato de vereador que exerço desde maio de 2023”.
Com essas declarações deixa claro, em tese, que não pretende renunciar ao madato, como chegou a ser ventilado durante o período em que esteve na prisão. As afirmações também evidenciam que, em princípio, continua com as “bênçãos” da cúpula do seu partido, já que vários outros nomes do alto tucanato apareceram nas investigações da Tromper.
Claudinho Serra foi preso no dia 3 de abril durante a terceira fase da “Operação Tromper”, deflagrada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), órgãos do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), apontado como líder da organização criminosa.
Após 23 dias preso, ele teve a liberdade provisória, com uso de tornozeleira, decretada pelo desembargador José Ale Ahmad Neto.
Na segunda-feira (29), teve o pedido de cassação protocolado na Câmara por um empresário e eleitor de Campo Grande, mas, o presidente da Câmara, Carlão já sinalizou que a Casa irá “enterrar” o pedido.
“Olha, eu cumpro o regimento interno da Casa. Ele (Claudinho Serra) está sendo acusado de ato ilícito antes de ter sido diplomado como suplente de vereador. Eu não trabalho com suposições”, afirmou Carlão, explicando que, como o vereador é acusado de chefiar organização criminosa no período em que foi secretário municipal de Finanças, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia (Sefate), não teria cometido crime algum como parlamentar.
No entanto, a Procuradoria Jurídica da Câmara de Campo Grande analisará o pedido de cassação de Claudinho Serra, que foi denunciado à Casa de Leis com base no Decreto nº 201/67, que dispõe sobre as responsabilidades dos parlamentares municipais da Capital, em um prazo de 20 dias para dar um parecer.
ALTERNAR
Embora tenha conseguido 3,6 mil votos em 2020, Claudinho Serra ficou na suplência e só chegou à Câmara em maio do ano passado, depois que João Rocha, do mesmo partido, assumiu um cargo de secretário na prefeitura de Campo Grande.
Mas, com o anúncio de que João Rocha reassumiria sua vaga, um fato inédito aconteceu na Câmara da Capital: misteriosamente o vereador Ademir Santana renunciou ao mandato e a vaga acabou ficando “gratuitamente” para Claudinho Serra, que assumiu em definitivo em sete de março deste ano, menos de um mês antes de ser preso.
Antes disso, porém, ocupou para uma série de cargos de alto escalão na administração estadual, que é comandada pelos tucanos.