A Polícia Federal vai entrar em campo para investigar a origem dos incêndios que assolam o Pantanal em 2024, conforme informou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante coletiva em Corumbá nesta sexta-feira (28).
Marina, a ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet, e o governador Eduardo Riedel, estão em Corumbá para acompanhar os trabalhos de combate às chamas. “Os incêndios que estão acontecendo agora têm uma junção perversa: mudança do clima, escassez hídrica severa e desmatamento com uso de fogo. É isso que está fazendo o que a gente vê: o Pantanal em chamas”, afirma Marina.
Segundo a ministra, 85% dos incêndios do Pantanal acontecem em propriedades privadas e os municípios com mais desmatamentos são os que mais têm incêndios. “A mão humana pode fazer muita coisa boa, como estamos fazendo aqui, mas pode fazer também muitas coisas indesejáveis, como queimar um bioma único como é o caso do Pantanal”, diz.
Marina informou que Corumbá teve aumento do desmatamento em 50% e, não por acaso, é responsável por 50% dos incêndios atuais.
“Além da ação de combate, nós estamos fazendo um processo de investigação utilizando também a inteligência da Polícia Federal, do Governo do Estado, para responsabilização daqueles que estejam agindo ao arrepio da lei”, assegura.
Monitoramento
Monitoramento integrado no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), PMA (Polícia Militar Ambiental) e Governo de MS identificou 18 pontos onde começaram os incêndios que devastam o Pantanal sul-mato-grossense em 2024.
Até o momento, de todo incêndio que está ocorrendo no Pantanal de MS, foram detectados 13 pontos de ignição a serem investigados. No levantamento de “análise remota de regressão das cicatrizes de incêndios” se identificou sete pontos de ignição inicial em seis fazendas e em uma área sem cadastro no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Os incêndios atingiram cerca de vinte propriedades rurais no Pantanal.
Dificuldades no combate
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, também participou da coletiva, destacando que um dos maiores desafios de combate às chamas está no fato de que a maior parte dos focos está em propriedades privadas. Ela ainda afirmou que o presidente Lula deu “carta branca” para a destinação de recursos de combate aos incêndios no Pantanal.
“Quase 90% desses focos são em propriedades privadas, e (as equipes de combate) só podem entrar quando há incêndio”, pontuou Simone.
Além disso, para Tebet, mesmo que todo o contingente do Corpo de Bombeiros do Estado fosse usado nos combates, ainda assim não seria suficiente para combater as chamas devido à extensão do território pantaneiro, que tem 11 milhões de hectares somente em Mato Grosso do Sul.
“Entrar (no bioma para combater o fogo) também não é uma coisa simples. Às vezes não tem estreada, tem que fazer picada, tem que andar, um, dois, cinco quilômetros a pé para que os brigadistas possam cumprir sua missão”, afirmou Simone.
Diante do cenário, Marina explica que é preciso mudar a mentalidade do povo brasileiro diante da realidade climática, investindo em conscientização e prevenção, algo que tem acontecido diante das tragédias climáticas observadas no País.
“É a pedagogia da dor, da nossa incapacidade de alcançar o que está em jogo e saber que coisas (a preservação do meio ambiente) como essas não são de partido, não são de governo, são do povo brasileiro”, completou Marina.
Força nacional
Na manhã desta sexta-feira (28), pousou em Corumbá, a aeronave KC 390 da Força Aérea Brasileira. O avião tem capacidade para transportar 12 mil litros de água e vai atuar diretamente na extinção das chamas que ainda queimam a região pantaneira.
O avião chegou junto com comitiva de ministros que cumpre agenda no município. Além disso, integra ações do Governo Federal de combate aos incêndios, que ainda inclui outros aviões e 80 agentes da Força Nacional.
Fogo no Pantanal
O fogo tem castigado o Pantanal há semanas e destruiu milhares de hectares do bioma. Na noite de quinta-feira (27), 40 dos 82 agentes da Força Nacional chegaram a Corumbá para reforçar o combate aos incêndios.
O monitoramento de focos ativos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra que o número de focos no Pantanal de Mato Grosso do Sul chegou a 2.552 entre 1º de junho e a última quinta-feira (27), número muito maior do que os 77 detectados em todo o mês no ano passado.
Fonte: Midiamax