A PF (Polícia Federal) deflagrou, nesta quinta-feira (21), a Operação Lágrimas de Sal, para investigar possíveis crimes cometidos durante os anos de exploração de sal-gema pela empresa Braskem em Maceió.
A exploração de sal-gema na capital alagoana ocorreu de 1976 a 2019, e resultou em uma grave instabilidade no solo de bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e arredores. Em consequência, estas áreas se tornaram inabitáveis, tendo em vista os riscos de desmoronamento de casas, ruas e fechamento do comércio, levando mais de 60 mil pessoas a terem que deixar seus bairros.
Segundo a PF, há indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não “seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam a garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície”.
Ainda conforme as apurações feitas até agora, também foram identificados indícios de apresentação de “dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade, permitindo assim a continuidade dos trabalhos, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas”.
Crimes
Os investigados poderão responder, se condenados, pelos crimes de poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, inclusive por omissão, entre outros delitos.
Aproximadamente 60 policiais federais cumprem 14 mandados judiciais de busca e apreensão, em endereços ligados aos investigados nas cidades de Maceió, no Rio de Janeiro e em Aracaju, capital de Sergipe. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal no estado de Alagoas.
Em nota, a Braskem informou que está acompanhando a operação e que está à disposição das autoridades. “Todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo”, informou a empresa.