A ampla aliança do deputado federal Beto Pereira (PSDB) em sua pré-candidatura à prefeitura de Campo Grande pode esbarrar, em alguns pontos, nas inconsistências da radicalização da política brasileira. Uma eventual chegada do PL, de Jair Bolsonaro, a uma possível coligação liderada pelo tucano ao Executivo municipal poderá afastar, via diretório nacional, os partidos mais alinhados à centro-esquerda.
O caso mais latente é o do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, cuja principal autoridade em nível nacional é o vice-presidente Geraldo Alckmin, e que tem como um de seus baluartes históricos o pernambucano, já falecido, Miguel Arraes, muito ligado a movimentos sociais no Nordeste e à resistência ao coronelismo.
O Correio do Estado apurou que, nacionalmente, o diretório nacional do PT já tem feito contatos com o diretório nacional do PSB, de modo a minar a aliança do partido construída em Mato Grosso do Sul para favorecer a candidatura de Beto Pereira.
A intenção do diretório nacional petista é colocar o PSB no arco de aliança da pré-candidatura da deputada federal Camila Jara (PT). Pudera, em Brasília, a deputada federal sul-mato-grossense tem se alinhado bastante aos peessebistas.
Em Brasília, é muito amiga da pré-candidata pelo partido à prefeitura de São Paulo, Tábata Amaral, que é namorada do prefeito do Recife, João Henrique Campos, popularíssimo nas redes sociais, bisneto de Miguel Arraes e filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Resistência local
Ainda não se sabe até que ponto o diretório nacional do PSB irá minar a aliança costurada pelo principal cacique tucano de Mato Grosso do Sul, o ex-governador Reinaldo Azambuja, em favor de Beto Pereira. O que é certo, contudo, é que as lideranças do PSB no Estado e em Campo Grande que têm mandato estão muito alinhadas com os planos do PSDB.
É o caso do presidente da Câmara de Campo Grande, vereador Carlão. Ele é um dos que pleiteiam, inclusive, o lugar de vice na chapa de Beto Pereira a prefeito. Agora, com o acordo envolvendo o PL, terá de disputar espaço com os nomes do partido de Jair Bolsonaro. Tudo indica que o PL irá indicar o vice.
Paulo Duarte, deputado estadual pelo PSB, também tem afinidade com o governo tucano e parece estar mais próximo ao grupo de Azambuja do que à pré-candidatura petista.
Uma fonte ligada ao PSB disse ao Correio do Estado que, ainda que o diretório nacional “empurre” uma aliança com o PT, que ficaria com parte do fundo partidário e tempo de TV, toda a estrutura do partido em Campo Grande ficaria com Beto Pereira. Seria o típico “ganhar e não levar”.
Curiosamente, é o que o PSDB tem enfrentado na aliança firmada entre Azambuja e o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto.
A ala radical do PL – que não é pequena – tem se manifestado contra a união com os tucanos, como o ex-deputado cassado Rafael Tavares e mesmo o atual presidente estadual do partido, Marcos Pollon, que, para atender a base do partido, formada pelas redes sociais, já fala em ressuscitar uma possível candidatura própria.
Em 2022, Azambuja conseguiu “ultrapassar” a barreira federal. Manteve o PSB na aliança de Eduardo Riedel, mesmo tendo Geraldo Alckmin na chapa federal de Lula e mais: mesmo com Marquinhos Trad (PSD), assediando o então presidente estadual do partido, Ricardo Ayache, para compor sua coligação derrotada naquelas eleições.
Saiba – Convenções começam no dia 20 de julho
Partidos e federações poderão realizar, entre 20 de julho e 5 de agosto, convenções partidárias para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Após a definição das candidaturas, as agremiações têm até 15 de agosto para registrar os nomes na Justiça Eleitoral.
No dia seguinte (16), começa a propaganda eleitoral. Até lá, qualquer publicidade ou manifestação com pedido explícito de voto pode ser considerada irregular e é passível de multa.