Enquanto aguarda propostas em sua primeira licitação para a compra de navios na terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a subsidiária da Petrobras Transpetro prepara a segunda concorrência, com previsão de lançamento do edital até dezembro.
A retomada de compras junto à indústria naval brasileira é uma das promessas de campanha de Lula, que nos primeiros mandatos fomentou um programa de incentivo a compras no país, que acabou após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Para cumprir essa promessa, a Transpetro lançou um programa de renovação de frota batizado de TP25, que prevê a encomenda de até 25 navios. Na primeira licitação, lançada em julho, quer contratar quatro embarcações para o transporte de combustíveis.
A segunda mira navios para o transporte de gás de cozinha, disse nesta terça (20) o presidente da companhia, Sergio Bacci. Ele não quis adiantar o número de navios, mas a empresa já havia mencionado a possibilidade de chegar a oito.
Bacci afirmou que vai esperar as propostas para a primeira concorrência antes de divulgar o tamanho da segunda para evitar que empresas interessadas escolham esperar. “Nos interessa ter muitas propostas (no primeiro leilão) para demonstrar o interesse dos estaleiros.”
O prazo final para as propostas está marcado para o dia 6 de outubro, mas o executivo admite adiar a data em caso de solicitação pelos interessados. Ele disse que a procura pelos editais é grande e envolve até o momento apenas estaleiros brasileiros.
A licitação é internacional, mas o edital prevê um cálculo que considera os custos de importação e do financiamento subsidiado do FMM (Fundo de Marinha Mercante) para garantir maior competitividade a propostas brasileiras.
A expectativa da empresa é anunciar os vencedores até o fim do ano e conseguir lançar o primeiro navio ao mar, já com o casco concluído, até junho de 2026 -antes, portanto, do início da próxima campanha presidencial.
Bacci diz que, assim como a primeira, a segunda licitação vem sendo discutida com órgãos de controle, para evitar futuros questionamentos.
A Transpetro foi responsável por parte relevante do programa de incentivo à indústria naval dos primeiros governos Lula, com um programa chamado Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), que incentivou a abertura de novos estaleiros no Brasil.
Esse programa previa índices de conteúdo nacional nas embarcações e terminou com navios inacabados após o início da Lava Jato, que contou com delação premiada do ex-presidente da empresa, Sergio Machado.
Além da subsidiária, a própria Petrobras lançou um programa de incentivo ao setor, com a encomenda inicial de 12 embarcações de apoio a plataformas de produção de petróleo em alto-mar. Prevê ainda contratos de módulos para plataformas e desmantelamento de instalações no fim da vida útil.
Antes mesmo que o programa deslanche, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) já detectou um aumento no emprego em estaleiros brasileiros nos últimos anos. Em levantamento divulgado nesta quinta, a entidade diz que o número de trabalhadores nesse setor subiu 20% entre 2019 e 2023.
Os estaleiros têm sobrevivido ao fim das encomendas principalmente com a atividade de reparos em embarcações.
*Informações da Folhapress
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