O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirmou nesta quinta-feira (3) que a nova edição da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) irá a campo a partir de 5 de novembro -ou seja, daqui a um mês.
O órgão publicou a informação em uma nota sobre o evento de apresentação da POF 2024/2025. A cerimônia foi agendada para terça-feira (8) no Rio de Janeiro.
A pesquisa é uma das mais importantes do IBGE e investiga como o orçamento das famílias é gasto no Brasil.
A POF também tem relevância porque serve como base para a atualização da cesta de bens e serviços investigados no índice oficial de inflação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Por meio da POF, é possível saber, por exemplo, quanto do orçamento das famílias é destinado para gastos com alimentos, combustíveis, roupas, medicamentos e passagens de ônibus. A divulgação dos novos resultados está prevista para 2026.
“O IBGE inicia a realização da sétima pesquisa nacional sobre o orçamento e a estrutura de gastos familiares, cujos resultados, a serem tornados públicos em 2026, subsidiarão as políticas públicas do Brasil”, disse em nota o presidente do instituto, Marcio Pochmann.
“Uma grande tarefa, fruto do inegável comprometimento dos ibegeanos e ibgeanas com a missão institucional, e que contou com recursos orçamentários extraordinários apoiados pelo presidente Lula e ministra Simone Tebet”, acrescentou o economista, sem detalhar os valores.
O IBGE está sob guarda-chuva do Ministério do Planejamento e Orçamento, comandado por Tebet. Pochmann foi indicado por Lula para o instituto.
Ainda de acordo com o economista, a nova edição da POF incluirá um módulo que, de forma inédita, pesquisará o uso do tempo pelos brasileiros. Ele já havia mencionado esse
aspecto em outras ocasiões.
“A POF tem um elemento a mais que estamos tratando, que não temos em pesquisas no Brasil, que seria inédito: o uso do tempo. Como se usa o tempo não apenas no âmbito do trabalho, mas (também) em casa”, afirmou Pochmann em entrevista em abril.
Em vídeo divulgado pelo IBGE nesta quinta, o presidente afirmou que a POF vai acompanhar mais de 100 mil famílias por um período de 12 meses.
Para Leonardo Oliveira, gerente da POF, o trabalho tem dois objetivos principais: retratar o orçamento e a qualidade de vida das famílias no Brasil.
“Gosto de pensar que ela retrata o dia a dia dos brasileiros na ponta do lápis”, disse Oliveira, também em nota.
A edição mais recente da POF é relativa a 2017 e 2018. A atualização da cesta do IPCA a partir da pesquisa é recomendada por especialistas.
A medida é vista como necessária para que os bens e serviços do índice de inflação ganhem ou percam peso de acordo com sua relevância no orçamento das famílias.
Na atualização mais recente da cesta do IPCA, a partir da última POF, o IBGE passou a medir a evolução dos preços de subitens como streaming e transporte por aplicativo. São serviços de plataformas como Netflix, Uber e 99, que ganharam espaço no dia a dia das famílias.
Em contrapartida, a atualização ocorrida em 2020 retirou do cálculo de inflação subitens como CD, DVD e máquina fotográfica, que perderam participação no orçamento dos brasileiros.
CRISE NO IBGE
O IBGE passa por uma crise interna que ficou explícita no fim de setembro, após servidores reclamarem de falta de diálogo com a gestão de Pochmann.
Um dos pontos que irritaram os funcionários foi a criação de uma fundação pública de direito privado, a IBGE+. Há quem considere a nova organização uma espécie de “IBGE paralelo”.
A Assibge, entidade sindical que representa os trabalhadores, chegou a chamar medidas recentes de Pochmann de “autoritárias”.
A gestão do economista rebateu as declarações. Disse que as acusações são “infundadas”.
*Informações da Folhapress