O ano de 2024 foi desafiador para o cultivo de grãos no Rio Grande do Sulmarcado por perdas decorrentes de eventos climáticos extremos. Depois de três anos de estiagem, produtores enfrentaram as enchentes de maio, que inundaram lavouras e comprometeram colheitas de soja e milho.
Maria das Graças, produtora rural, relatou os prejuízos: “Toda essa água descia com força. A soja em pé, quando apertada, desmanchava. Perdemos 50% da produção, um grande baque para nós”.
“O rio veio e não deu tempo. Perdemos 26 hectares de milho pronto para o corte, com alto investimento e prejuízo enorme”, reforçou o produtor de milho Leonardo Franz.
A Metade Sul foi a região mais impactada, com até 90% das áreas ainda por colher quando as enchentes ocorreram. As perdas impactaram diretamente nesta safra, e muitos produtores não terão condições de plantar.
Movimento SOS Agro RS
A dificuldade em acessar recursos prometidos levou produtores a iniciar o movimento SOS Agro RS, cobrando autoridades e realizando protestos, colocando suas máquinas nas ruas. O governo federal anunciou diversas medidas em auxílio aos produtores, mas nem todos conseguiram acessar o dinheiro prometido.
“Tive que entregar uma máquina por causa de dívidas. Tenho boletos em cartório e processos judicializados. É difícil, mas não vamos nos entregar”, conta o produtor Celso Girotto.
Desafios na safra de inverno
A safra de trigo também enfrentou adversidades, com umidade excessiva que atrasou o plantio e trouxe doenças que prejudicaram a qualidade. “Tivemos muita chuva na semeadura e no ciclo. A chuva ácida causada pelas queimadas no norte prejudicou ainda mais as lavouras”, relatou o produtor Diemerson Borghardt, produtor,
No arroz, a semeadura atrasou, e os produtores ainda trabalham para recuperar lavouras afetadas pela força das águas. “A recuperação dos canais de irrigação e drenagem traz impacto nos custos”, disse Alexandre Velho, presidente da Federarroz.
Perspectivas para a próxima safra
Apesar das dificuldades, a Emater-RS projeta uma colheita de 35 milhões de toneladas, com aumento de 20% na produtividade do milho, mesmo com redução na área plantada.
Alencar Rugeri, assistente técnico da entidade, destacou a importância do clima para a recuperação: “Nem tudo está ruim; condições climáticas estão, de certa forma, favoráveis para essa safra”.