A Polícia Civil do Santos, litoral sul de São Paulo, investiga uma denúncia de perseguição e importunação sexual registrada por uma jovem de 21 anos contra um motorista de aplicativo com quem pegou uma corrida em 8 de dezembro. A partir de então, o homem passou a enviar mensagens invasivas, curtir suas fotos no Instagram e, na semana passada, enviou um vídeo se masturbando.
“Eu tô vendo aqui suas fotos e, meu, vc é sensacional sabia? Me deixa loco, eu tenho que te confessar que suas fotos me deixam morrendo de tesão (…) e eu acabo sempre batendo uma pensando em vc (sic)”, escreveu o motorista, antes de enviar um vídeo de seu pênis.
A mulher abriu a mensagem ao acordar, no último dia 8 de julho. Ao G1, ela relata ter sentido nojo e medo diante da atitude.
“Quando vi não acreditei no que li. Ele dizia que via minhas fotos, sentia tesão em ver e que acabava se masturbando quando via minhas coisas”, disse ela.
“Fiquei sentindo nojo e pensando se eu estava fazendo alguma coisa, se dei liberdade a esse ponto, sendo que nenhuma das mensagens dele eu respondi. Às vezes, a gente acaba se culpando por essas atitudes, sendo que não é nossa culpa”, complementou.
A mulher, que trabalha como professora, disse ao site que pegou a corrida de casa, na Ponta da Praia, com destino à Avenida Conselheiro Nébias, e durante o trajeto o motorista foi simpático. O homem disse que havia terminado um relacionamento e que estava depressivo.
A passageira então indicou que ele procurasse ajuda espiritual e sugeriu um terreiro de umbanda. “Ele pediu o meu Instagram para que eu passasse o endereço (do terreiro) para ele”, disse ela.
A professora contou que tinha chegado em frente ao trabalho dela e estava pronta para descer do carro, mas que o motorista não parava de falar e puxar assunto. “Eu estava incomodada. Não sabia como cortar sem ser mal-educada”.
No mesmo dia, à noite, o motorista encaminhou uma mensagem no Instagram da jovem a elogiando e dizendo que era o fã “número 1” da mulher. Ela contou que só no dia seguinte agradeceu o elogio e mandou o endereço do terreiro que havia comentado.
Depois disso se tornaram frequentes as reações dele nos stories da jovem e até mesmo comentários em publicações antigas, mas ela disse que ignorava tudo e não respondeu mais nenhuma mensagem enviada por ele. “Permaneci quieta. Estava me incomodando, mas não respondi para não dar brecha”.
Questionada, a Secretaria da Segurança Pública confirmou o registro da ocorrência como perseguição e importunação sexual na Delegacia do Guarujá. A pasta, no entanto, disse que não pode divulgar detalhes sobre o caso em razão da natureza da ocorrência.
Em nota enviada ao G1, a Uber disse que considera inaceitável qualquer comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência. O motorista teve a conta desativada da plataforma.
A empresa disse, ainda, que se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações, nos termos da lei, e que conta com um canal de suporte psicológico, em parceria com o MeToo, que foi disponibilizado à usuária após o incidente ter sido relatado.