A atendente de lanchonete, 49 anos, agredida pelo marido padeiro, 47 anos, vivia relacionamento perturbador com o marido, no Jardim Montevidéu, em Campo Grande. Segundo ela, além das constantes agressões físicas, a vítima lidava com as agressões psicológicas e uma vida em meio a cárcere onde dependia da autorização do marido até para usar o banheiro.
De acordo com relato da vítima, a última agressão que deixou marcas pelo rosto e braços teria motivado a denúncia e o pedido de medida protetiva na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher).
A vítima, que se relaciona com o autor há 9 anos, disse em depoimento que o marido além de ser dependente de álcool e cocaína, se mostrava cada vez mais possessivo, controlador e agressivo.
Trabalhando juntos na confecção de salgados, o marido teria passado a controlar a esposa e fazia ameaças após as agressões.
“Dizia que, se eu o denunciasse, ele destruiria a minha vida também. Ele afirmava que eu poderia sofrer um acidente, que meu carro poderia ser atropelado ou que, se me separasse dele e denunciasse, meus filhos morreriam”, disse a vítima em depoimento à Deam.
A vítima declarou ainda que não tinha liberdade para realizar atividades simples do dia a dia e precisava da autorização do companheiro e precisava dar satisfações de quando ia comer ou até mesmo quando ia ao banheiro. “Antes de sair de casa, ele precisa autorizar as minhas roupas e me obrigava a mandar a localização o tempo todo”, revelou a vítima.
A atendente disse que o padeiro a afastou dos amigos, filhos, e a proibia de manter relações sociais. “Não posso conversar com ninguém, nem dar um simples ‘bom dia’ ou ‘boa tarde’. Quando vou visitar meus filhos, tenho que ligar várias vezes e mandar fotos para provar que estou com eles. Ele me controla de todas as formas possíveis. Proibiu que eu fizesse faculdade, que eu fosse à academia, que eu vivesse a minha vida”, disse no depoimento.
Últimato
De acordo com a atendente, a última agressão que deu forças a ela para denunciar o companheiro. O caso, segundo a vítima, teria acontecido na madrugada de segunda-feira (17), quando ela chegou do serviço e encontrou o padeiro bêbado. A discussão começou por conta de ciúmes, quando ela não atendeu a ligação dele.
Segundo detalhado por ela, quando chegou o marido alcoolizado deu socos repetidos na cabeça e no rosto, enquanto chamava a vítima de safada e mentirosa, e ainda dizia que ela estava com outros homens, por isso não atendeu as ligações.
No momento da agressão, o padeiro segurava um martelo. Descontrolado, o marido obrigou a vítima a assistir vídeos pornos dizendo que era ela quem estava no vídeo.
A vítima conseguiu chamar a Polícia Militar. Agressivo com a equipe, o padeiro precisou ser algemado para ser levado à Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher).
Na delegacia, após registrar o caso, a vítima recebeu orientações sobre e pediu medida protetiva de urgência contra o marido.