Entre os dias 18 e 22 de novembro, uma operação conjunta liderada pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) foi resgatada no resgate de 31 trabalhadores indígenas paraguaios incluindo quatro adolescentes, em condições análogas à escravidão. Os trabalhadores foram encontrados em duas propriedades rurais: uma em Nova Andradina e outra em Ribas do Rio Pardo.
Nova Andradina
Na Fazenda São Cristóvão, pertencente ao Grupo Coimma, 19 trabalhadores foram resgatados, incluindo um adolescente. Eles foram transportados em veículos clandestinos interceptados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os trabalhadores relatam condições degradantes, ausência de registro na carteira, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e banheiros inadequados.
Os “gatos” — aliciadores que organizavam o transporte e a contratação — não forneceram alimentação, exames de admissão ou qualquer medida de saúde ocupacional. Após tentativa frustrada de conciliação com os representantes da fazenda, o MPT-MS acionará a Justiça, exigindo indenizações que totalizam mais de R$ 41 milhões.
Ribas do Rio Pardo
Em outra propriedade, 12 trabalhadores foram resgatados, incluindo três adolescentes. Eles receberam R$ 25 por “saco” de mandioca colhida, arcando com custos de transporte que chegaram a R$ 2.000. Durante a operação, os trabalhadores relataram falta de EPIs, ausência de banheiros próximos e áreas de vivência íntimas.
Diferentemente do caso anterior, foi possível firmar Termos de Ajuste de Conduta (TACs), resultando no pagamento de R$ 715.720,04 em indenizações e verbas rescisórias. Após o pagamento, os trabalhadores foram escoltados até a fronteira e retornaram ao Paraguai.
Esquema de tráfico humano
A operação destacou o uso de indígenas paraguaios em um esquema de tráfico humano para trabalhos clandestinos no Brasil. O procurador Paulo Douglas Almeida de Moraes alertou sobre a fragilidade das fronteiras e a exploração de populações vulneráveis.
“O resgate dessas pessoas e a responsabilização das empresas são passos essenciais para proteger os direitos humanos e combater práticas desumanas. A ampliação da fiscalização é imprescindível”, afirmou Moraes.
Os casos seguem sob investigação, enquanto as vítimas aguardam os desdobramentos judiciais.