Deflagrada pela Delegacia de Itaporanga D’Ajuda, com o apoio da Dipol (Divisão de Inteligência), a Operação Dupla Face investiga grupo criminoso especializado no cometimento de fraudes contra grandes empresas em todo território nacional.
Em Sergipe, a investigação identificou um golpe de R$ 80 mil contra uma grande empresa do gênero alimentício, mas nacionalmente o prejuízo pode chegar a valores milionários, conforme apuração policial da Delegacia de Itaporanga d’Ajuda.
Segundo o delegado Weliton Júnior, a fraude utilizada pelos grupos criminosos para lesar as empresas consistia em falsificação de assinaturas, confecção de procuração falsa e posterior reconhecimento de firma em cartório. A investigação teve início há oito meses com o registro do boletim de ocorrência em Sergipe.
“De posse da procuração com firma reconhecida, os investigados conseguiam obter talonários de cheques em nome das empresas alvo da fraude. A partir daí, eles preenchiam e realizavam transações financeiras de valores vultuosos”, explicou o delegado Weliton Júnior. A operacionalização do crime também contava com a contratação de um motoboy que, em regra, atuava de boa-fé.
“O motoboy era escolhido a partir de anúncios em redes sociais e em seguida era manipulado para efetivar as tarefas determinadas pelo grupo criminoso. As atividades estavam ligadas ao transporte dos documentos e ações ligadas ao cometimento das fraudes”, complementou o delegado.
Ainda conforme Weliton Júnior, os investigados faziam pesquisas para escolher as empresas que seriam alvo do grupo criminoso. “Faziam pesquisas em portais da transparência e escolhiam empresas com contratos com entes públicos. Eles acreditavam que a partir daí seria possível identificar empresas com altos volumes em conta”, relatou.
Vida de alto padrão
No decorrer da operação, que se estendeu ao longo da semana passada, foram cumpridos oito mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em endereços atrelados aos investigados, bem como em um quarto de hotel utilizado por dois dos envolvidos nos crimes.
Foram presos o líder do grupo criminoso e outros dois homens. O chefe do grupo criminoso reside em Goiânia e foi preso em Uberlândia (MG) com os outros comparsas. Além desses locais, houve cumprimento das ordens judiciais em dois endereços de Goiânia (GO), indicados como pertencentes ao líder da associação criminosa.
A operação foi batizada de Dupla Face em alusão à vida que o líder da associação criminosa mantinha. Ele foi identificado como o dono de duas empresas ativas em Goiânia (GO), local onde reside com sua família.
“O investigado ostentava uma vida de alto padrão econômico, apresentando-se ao público como homem de negócios bem sucedido, mas ao mesmo tempo escondia uma vida secreta de cometimento de estelionatos, fazendo vítimas em todo o território nacional”, revelou o delegado Weliton Júnior.
Suporte do SIG de Dourados
A operação contou com o suporte operacional oferecido pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, por meio do SIG (Setor de Investigações Gerais), comandado pelo pelo delegado Erasmo Cubas, na cidade de Dourados (MS).
De acordo informações do com delegado Cubas à reportagem do Jornal Midiamax, na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de prisão.
“A organização tinha dois líderes, um deles foi localizado no Parque Jequitibás, em Dourados”, explica o delegado, ressaltando que o criminoso está em uma das celas da Depac (delegacia de Pronto atendimento comunitário) e deve ser encaminhado para Sergipe nesta quarta-feira (1).
A ação também teve o apoio da Polícia Civil de Minas Gerais, pela unidade AIP 9000, da cidade de Uberlândia (MG), titularizada pela delegada Ana Claudia Padua Passos, e do Setor de Inteligência de Minas Gerais.
Também destaca-se o apoio da Polícia Civil de Goiás, por meio DERFRVA, comandada pelo delegado Danilo Martins Ferreira e por sua adjunta Rafaela Azzi.
A operação contou ainda com o apoio do delegado Murilo Gouveia, da Delegacia de Simão Dias, da Copci (Coordenadoria de Polícia Civil do Interior) e da Delegacia-Geral de Sergipe.