O simples e crucial ato de respirar nunca foi tão difícil. Nesta semana o clima chegou ao nível extremo, com onda de calor, baixíssima umidade do ar e o céu repleto de fumaça de incêndios há dias. No Mato Grosso do Sul, o cenário é grave e bem difícil ficar imune.
Médico pneumologista, Ronaldo Queiroz explica por que a situação é tão crítica e diferente dos outros anos. Historicamente, o inverno é seco em Mato Grosso do Sul, o que favorece o aparecimento de doenças respiratórias, mas o cenário de 2024 é o pior dos últimos tempos.
“As mudanças climáticas estão contribuindo para o clima extremo, de forte calor no inverno intercalado com períodos de ar frio, essa oscilação de temperatura causa problemas nas vias aéreas. E estamos batendo recordes de baixa umidade de ar, importante lembrar que abaixo de 40% já tem risco para a saúde”, explica o médio.
Dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostram que a umidade relativa do ar tem ficado abaixo de 15% em todas as cidades de Mato Grosso do Sul, aliado a esse cenário estão as temperaturas acima dos 36°C.
Impactos à saúde humana
O médico pneumologista, Ronaldo Queiroz, explica ainda que o clima extremo causa uma agressão grande nas vias aéreas, gerando dificuldade respiratória, ressecamento das vias e que formam pequenas fissuras que acabam facilitando as infecções.
Grupos de risco como idosos e crianças estão mais suscetíveis ao clima. Como não há solução imediata para o clima, o que nos resta é tentar minimizar os impactos dessa baixa umidade do ar no corpo humano. Confira algumas dicas:
- Evitar exposição ao sol;
- Usar chapéu, boné e até sombrinhas para reduzir as chances de insolação;
- Evitar exercícios em períodos críticos, entre 9h e 16h;
- Proteja-se do sol: use protetor solar;
- Hidratação é muito importante, beba água na média de 40 ml por kg de peso;
- Ligar o umidificador dentro de casa por algumas horas.
Sem trégua para a fumaça
O monitoramento do Qualiar, da UFMS (Universidade Federal Mato Grosso do Sul), desta manhã indica que o índice de qualidade do ar é ruim. Os dados analisam a partícula poluente atmosférica.
Não há previsão de trégua da fumaça que cobre Mato Grosso do Sul, estados brasileiros e países vizinhos. Pelo contrário, o monitoramento indica maior densidade para os próximos dias.
O meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinicius Sperling, explica que não é possível estipular o dia para o fim da cortina de fumaça, pois, mesmo com as mudanças dos ventos, há um corredor de fumaça carregada de outras regiões, por exemplo, da Amazônia, Paraguai e estados vizinhos.