Você já deve ter escutado, lido, ou até mesmo visto alguém destacando a importância de cada ser humano. Ainda que sem pretensões motivacionais, a verdade é de que todos carregam dentro de si algo valioso. Algo muito além daquilo que o dinheiro pode comprar. Carregamos um líquido que salva.
Em Mato Grosso do Sul, 190 mil pessoas entenderam isso e se cadastraram no Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) para que possam fazer a diferença para quem precisa de esperança de vida.
Lucéia Maria Fernandes, responsável pelo setor de captação do Hemosul de Campo Grande, explica que para se cadastrar é necessário atender poucos critérios: ter idades entre 18 e 35 anos (embora o voluntário permaneça na lista de doadores até os 60 anos), estar em boa condição do estado geral de saúde, não ter nenhuma doença impeditiva (confira aqui) e apresentar documento oficial com foto.
Diante disso, o cadastro é simples. Começa com uma ficha de inscição. O voluntário preenche informações básicas e fornece amostra de apenas 5 ml de sangue. Tudo é analisado e arquivado no banco de dados nacional.
As informações são cruzadas para que seja verificada a compatibilidade entre os pacientes na fila de transplante. A chance, segundo Lucélia, é de 95%.
O Dia Mundial do Doador de Medula Ósseacelebrado no 3º sábado do mês de setembro, é uma campanha anual promovida desde 2014 pela World Marrow Donor Association (WMDA), a maior organização dedicada ao cuidado de doadores e ao fornecimento de informações que facilitem o processo de busca.
Dificuldades no processo de transplante
Ainda que dentro de um cenário positivo, com chances altas de encontrar um doador, existem outros desafios e o primeiro deles está na continuidade do processo.
“O cadastro é simples, mas carregado de responsabilidades e, infelizmente, nos deparamos com muitas situações em que a pessoa fez o cadastro, mas quando ligamos para informar a compatibilidade, ela está em outro momento da vida e se recusa a seguir com o processo”, relata a responsável pelo setor de captação do Hemosul.
Lucéia ressalta que em casos em que o voluntário não deseja mais ser um doador de medula óssea, é importante que a decisão seja informada ao Redome e a pessoa peça a exclusão do cadastro.
“A gente muda de ideia, isso é inerente do ser humano, mas a gente orienta que a pessoa peça para sair do bando de cadastrados, inative o cadastro. Já imaginou um paciente saber que tem um doador e a pessoa não quer mais? Seria muito frustrante. então nossa dica é mudou de ideia, peça a inativação do cadastrado, reforça.
Fábrica do sangue e os tipos de doação
A doação de medula ocorre das seguintes formas: transplantes autólogo e alogênico que pode seraparentado ou não aparentado.
No primeiro caso, de transplantes autologosas células provêm do próprio individuo transplantado.
Já no segundo, se for alogênico parentado, as células doadas são de um indivíduo consanguíneo compatível: pai, mãe, irmãos.
Na condição de alogênico não aparentado, a célula provêm de um doador não aparentado, ou seja, que não é da família do paciente, mas que é compatível. Este são os casos em que o doador é encontrado no banco de dados do Redome.
Estudos atuais indicam que o transplante de médula óssea pode salvar pacientes em tratamento de mais de 80 doenças.
A chefe do setor de captação do Hemosul garante: o transplante é seguro. Os riscos se limitam à anestesia, dependendo do tipo de transplante.
“Não podemos dizer que não há risco apenas porque xiste a anestesia e todo procedimento com anestesia tem ressalvas, mas nada além disso”, garante.