O deputado estadual Coronel Davi (PL), preferiu adotar um tom de cautela e não comentar sobre o correligionário, deputado estadual Neno Razuk, apontado em investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), como novo líder do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.
Questionado pela equipe de reportagem na manhã desta terça-feira (26) se chegou a conversar com o parlamentar sobre o assunto e qual sua opinião em relação às denúncias envolvendo o colega que ocupa cadeira do mesmo partido na Assembleia Legislativa, disse que não iria se posicionar sobre o caso. “Eu não vou emitir opinião”.
Na denúncia da Operação Sucessione, o deputado é indicado como líder da organização criminosa dedicada à prática dos crimes de roubo majorado, exploração de jogos de azar, corrupção, entre outros. O major Gilberto Luiz, apontado como gerente do grupo, tinha também a responsabilidade de não comprometer o líder, Neno Razuk.
Consta na denúncia que Neno Razuk comprou uma casa, onde os membros da organização criminosa se reuniam todas as segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras. Um dia antes das máquinas do jogo do bicho serem apreendidas no Monte Castelo, foi decidido em uma dessas reuniões que eles ‘iriam para cima’ dos concorrentes. Ainda de acordo com a denúncia, um veículo Volkswagen Polo, de cor branca, havia sido alugado para cometer os roubos dos malotes. Foram três malotes roubados de ‘recolhes’ do grupo rival, num total de R$ 15 mil.
Com os roubos, o grupo liderado por Neno tinha como objetivo trazer os ‘recolhes’ e apontadores de São Paulo para a organização, e por isso, os assaltos sempre vinham com ameaças aos membros do grupo rival. Os veículos usados nos roubos aos malotes eram um Volkswagen Polo, um Fiat Pálio e um Hyundai HB20. Ainda segundo a denúncia, o grupo que seria liderado por Neno estava oferecendo além de R$ 4 mil para os ‘recolhes’ mais uma comissão de 5%.
A denúncia fala que “é representativo de uma reunião extraordinária da organização criminosa com todos os responsáveis pelos crimes, para discussão específica sobre fatos que motivaram as práticas (disputa pelo monopólio do jogo do bicho), resultados, planos de contingências, entre outros.”.
“Esse comportamento denota expertise do grupo criminoso na atividade ilícita, na medida em que permite que as discussões sobre a prática de crimes ocorram pessoalmente, sem deixar rastros em aparelhos celulares ou permitir a captação das conversas pelo Estado por interceptação telefônica etc., o que resulta da participação de pessoas acostumadas com investigações criminais (policiais).”, diz a denúncia do Gaeco.
Pedidos de prisão temporária 1º fase da Sucessione
- Diego de Souza Nunes,
- José Eduardo Abdulahad, conhecido como ‘Zeizo’
- Júlio César Ferreira dos Santos,
- Luiz Paulo Bernardes Braga,
- Major Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como ‘Barba’;
- Mateus Aquino Júnior;
- Roberto Razuk Filho, Neno Razuk, que foi indeferido;
- Sargento Manoel Luiz Ribeiro, conhecido como ‘Manelão’;
- Taygor Ivan Moretto Pelissari;
- Tiano Valdenor de Moraes;
- Valmir Queiroz Martinelli;
Segunda fase da Sucessione
Jonathan Gimenez Grance, conhecido como ‘Cabeça’, sobrinho de Jarvis Pavão, Gerson da bateria, ex-fornecedor da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), e o militar aposentado, Carlito Gonçalves Miranda conhecido como ‘Gambá’ foram alvos de busca e apreensão na segunda fase da Operação Sucessione, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na quarta-feira (20), segundo informações obtidas pelo Jornal Midiamax.
Segundo apurado, os alvos das buscas em Campo Grande não foram encontrados, já que pelo menos dois estariam viajando. Conversas extraídas dos celulares apreendidos na primeira fase teriam apontado para os nomes alvos de busca nesta segunda fase da Sucessione.
O ex-fornecedor da Sejusp prestava serviços de manutenção nos veículos da secretaria junto de outras credenciadas, mas atualmente não presta mais o serviço à Sejusp. Nesta segunda fase havia pedido de prisão para o militar aposentado além do mandado de busca. 12 prisões foram convertidas em preventivas.
Organização integrada por policiais militares
Segundo as investigações, a organização é integrada por policiais militares da reserva e de um ex-policial militar, que se valiam de sua condição, especialmente do porte de arma de fogo, como forma de subjugar a exploração do jogo ilegal aos mandos e desmandos da organização criminosa, tudo para tornar Campo Grande novo território sob seu comando.
15 pessoas foram indiciadas no dia 19 deste mês por integrarem organização criminosa armada, estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas, voltada à exploração ilegal do jogo do bicho, roubos triplamente majorados, corrupção, entre outros crimes graves.
Investigação confirmou denúncia de servidores que vincularam ‘guerra do jogo do bicho’ com contravenção na Sejusp, conforme antecipou o Midiamax em reportagem no mês de outubro.
O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação que cumpriu contra ela um mandado de busca e apreensão. Quatro assessores do deputado foram presos.
O empresário José Eduardo Abdulahad foi alvo de mandado de prisão no dia 5 deste mês. Segundo as investigações, a organização criminosa era responsável por diversos roubos praticados em plena luz do dia e na presença de outras pessoas, em Campo Grande, na disputa pelo monopólio do jogo do bicho local.
As investigações constataram, ainda, que a organização criminosa tem ‘grave penetração’ nos órgãos de segurança pública e conta com policiais para o desempenho de suas atividades, revelando-se, portanto, dotada de especial periculosidade.