Na véspera do segundo turno das eleições municipais em Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes (PP), candidata à reeleição, esteve na residência episcopal visitando o arcebispo metropolitano da Capital, Dom Dimas Lara Barbosa, e, nesse encontro com a autoridade máxima da Igreja Católica Apostólica Romana no município, ela demonstrou integral respeito ao clérigo, quando pediu a bênção dele para o pleito.
O gesto gerou bastante entusiasmo por parte de muitos cristãos católicos da cidade, pois, a prefeita, embora cristã, professa a sua fé por meio da matriz protestante.
Em razão disso, Adriane Lopes conquistou o apoio de diversos eleitores católicos, cujo público é de aproximadamente 600 mil pessoas distribuídas em 54 paróquias e comunidades na cidade, o que pode ter ajudado na reeleição dela com 222.699 votos.
Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o arcebispo metropolitano Dom Dimas Lara Barbosa contextualizou a importância do diálogo entre as igrejas, buscando sempre a finalidade uníssona entre as intuições em prol do benefício da população.
“O Papa Paulo VI dizia que a verdadeira política é uma eminente forma de exercício da caridade e, por isso, eu penso ser muito importante apoiar todas as formas boas de exercício da política em benefício do nosso povo”, afirmou.
Dom Dimas completou que, durante o processo eleitoral, apresentou aos candidatos, tanto ao Legislativo, quanto ao Executivo um protocolo de intenções que abrangia uma série de itens que a Igreja Católica considera imprescindíveis no exercício da política.
“A começar pela defesa da vida, defesa da família, a questão da ficha limpa, inclusive na escolha dos próprios assessores, a questão da ética, da transparência, mas também vários outros itens que nós não pretendemos ser exaustivos, mas abordamos uma série de itens que no nosso dia a dia, nós percebemos que são lacunas na vida do povo, não é, questões de segurança a questão é da droga, a questão das nossas obras sociais e muitos outros itens. Os candidatos que quiseram assinaram esse protocolo”, argumentou.
Ainda sobre o transcorrer da corrida eleitoral em Campo Grande, o arcebispo comentou que o “processo eleitoral prosseguiu com toda tranquilidade e chegamos ao resultado de um embate histórico entre duas mulheres, inclusive em uma disputa bastante apertada”.
“Eu quero desejar à prefeita eleita Adriane Lopes, muito sucesso no exercício do seu mandato. Que o nosso bom Deus a abençoe e a ilumine em suas iniciativas e decisões é que sejam colocadas realmente para o bem do nosso povo”, pontuou.
A participação da Igreja Católica nessa reta final parece ter sido coerente com o resultado do último domingo. Do ponto de vista das estimativas, considerando, sobretudo, o acompanhamento notório que a comunidade católica tem – costumeiramente – para com os seus bispos, a veiculação da imagem da atual prefeita visitando o líder da maior comunidade religiosa da cidade, pode ter influenciado alguns indecisos, pois, a pauta sobre o direito à vida e não ao aborto, por exemplo, era comum entre a progressista Adriane Lopes e a comunidade católica.
Nesse sentido, o apoio à candidata adversária Rose Modesto cuja aliança estabelecida com o Partido dos Trabalhadores na capital, pode ter enrijecido o voto de muitos católicos que não confabulam com o aborto em nenhuma etapa gestacional, enquanto, nesse viés, o Partido dos Trabalhadores ( PT) que apoiou a candidata derrotada, busca viabilizar políticas abortivas em defesa ao direito da mulher, demonstrando, nesse caso, uma aliança crítico-religiosa efetiva e conexa entre a prefeita reeleita e a comunidade católica, que não concebem o aborto em nenhuma circunstância por revertido e conquistado votos na reta final.
Também participaram da reunião o secretário municipal de Educação, Lucas Bittencourt, as representantes da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (Semed), Ana Dorsa e Noemi Duarte, o padre Wagner Divino, que é pároco da Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio de Pádua, o professor-doutor Fábio do Vale, que é coordenador de pesquisa e iniciação científica da Faculdade Insted, e Thelma Lopes, do Gabinete da Prefeitura de Campo Grande.