Entre os detidos, quatro possuem registro de CACs: um vigilante de carro-forte, um vigilante, um comerciante e um sem profissão registrada
A Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagraram, na manhã desta terça-feira (21), uma operação em quatro estados brasileiros contra CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) suspeitos de desviar armas e munições para quadrilhas do Novo Cangaço.
Esse tipo de crime envolve cercar cidades, trocar tiros intensamente e atacar bancos e caixas eletrônicos, causando terror na população.
Segundo informações do Gaeco, até o final da manhã, 12 suspeitos foram presos e um está foragido. Entre os detidos, quatro possuem registro de CACs: um vigilante de carro-forte, um vigilante, um comerciante e um sem profissão registrada.
A operação também busca entender se os envolvidos tinham ligações com o PCC e utilizavam a legislação para adquirir e repassar armamentos à facção criminosa ou se foram cooptados pela organização.
O delegado da PF, Jeferson Di Schiavi, revelou que a investigação visa determinar se as armas eram vendidas ou alugadas para o PCC.
“Chamou atenção o poder de fogo nas mãos dos CACs. Eles tinham fuzis, granadas caseiras, armas legais e ilegais”, afirmou Schiavi, destacando a apreensão de um grande arsenal.
A investigação encontrou materiais, como fardamentos policiais e coletes balísticos, que indicam que os criminosos planejavam uma nova ação do Novo Cangaço.
A quadrilha é conhecida por sua violência, tendo executado várias pessoas no Piauí em disputas por pontos de tráfico de drogas.
A operação cumpriu 13 mandados de prisão temporária e 24 de busca e apreensão em São Paulo, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Piracicaba, Mairinque, Buri, Xique-Xique (BA), Timon (MA) e Corrente (PI). A investigação começou após uma tentativa de roubo em Confresa (MT) em abril de 2023, que resultou na prisão de cinco suspeitos e na morte de 18 em confronto.
Segundo a Promotoria, essas ações foram financiadas por integrantes do PCC envolvidos no tráfico de drogas e na lavagem de dinheiro.
A investigação revelou que os principais fornecedores de armas e munições para o PCC são CACs. O delegado da PF afirmou que a organização criminosa esteve por trás de quatro ataques do Novo Cangaço entre 2020 e 2023.
A operação também conseguiu o bloqueio de contas e o sequestro de bens no valor de até R$ 4 milhões, com apoio de equipes da Rota, da 10ª Companhia de Força Tática e do 10º BAEP da Polícia Militar.
Operação Fogo Amigo no Nordeste
Simultaneamente, a PF realizou a operação Fogo Amigo no Nordeste, visando uma quadrilha formada por policiais militares da Bahia e Pernambuco, proprietários de lojas de armas e CACs, suspeita de vender armamentos ilegalmente para facções criminosas na Bahia, Pernambuco e Alagoas.
Foram cumpridos 20 mandados de prisão, 18 deles até as 9h desta terça, e 33 mandados de busca e apreensão.
A Justiça determinou o sequestro de bens e bloqueio de recursos dos investigados, totalizando R$ 10 milhões, além da suspensão das atividades de três lojas que vendiam material bélico irregularmente.
A operação contou com a participação de cerca de 325 pessoas, envolvendo a Polícia Federal, Exército, Polícia Civil da Bahia, Polícias Militares e Ministérios Públicos da Bahia e Pernambuco.
Essas operações demonstram o compromisso das autoridades em combater o desvio de armas e munições, reforçando a segurança e a ordem pública em todo o país.