Caroline Florenciano dos Reis Rech, de 31 anos, e Mariana de Araújo Correia, de 27 anos, foram condenadas por terem torturado e dopado bebês em uma creche irregular, em Naviraí (MS). Se somadas as penas das duas mulheres, o tempo de prisão ultrapassa 60 anos.
O caso foi descoberto após ampla investigação da Polícia Civil, em julho do ano passado. O julgamento de Caroline e Mariana ocorreu no dia 8 de novembro deste ano. Entretanto, a sentença só foi divulgada nesta segunda-feira (11).
Caroline e Mariana foram condenadas após investigação que identificou que a dupla dopava, torturava e ameaçava bebês que eram atendidos na creche que as duas trabalhava, chamada de “Cantinho da Tia Carol”. Ao menos, 20 crianças e bebês foram vítimas das mulheres.
As vítimas eram agredidas com tapas no rosto, beliscões e puxões de cabelo como punição. Além das agressões, as crianças recebiam sedativos em grande quantidade para dormirem.
Penas
Caroline, que era proprietária da creche foi condenada a 42 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado. Em regime fechado, a condenada vai responder pelos seguintes crimes:
- Tortura;
- Perigo à vida ou à saúde de outra pessoa;
- Maus-tratos.
Mariana, que era funcionária do local, foi condenada a 21 anos, 3 meses e 7 dias de prisão. Ela vai responder pelos seguintes crimes em regime semiaberto:
- Tortura;
- Maus-tratos;
- Perigo à vida ou à saúde de outra pessoa.
Mariana e Caroline terão que pagar R$ 10 mil em multas por danos morais para as vítimas.
Crianças eram dopadas e agredidas com fezes
Caroline e Mariana agrediam, humilhavam e dopavam as crianças. Cerca de 40 crianças ficavam na escolinha. A dona do local chegou a esfregar fezes no rosto de uma das crianças, por raiva.
Após receber denúncias dos crimes que aconteciam na creche, a DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Naviraí recorreu a Justiça para conseguir autorização para instalar monitoramento de áudio e vídeo no local. Com isso, flagraram as agressões a uma bebê de apenas 11 meses.
Caroline jogou a criança de apenas 11 meses duas vezes no colchão de onde saiu e deu tapas, além de dizer que a menina era “sem graça” e que daria “trabalho quando começasse a andar”. De acordo com a investigação, as agressões ocorreram justamente porque a garotinha acordou e tentou sair do lugar, provocando raiva nas cuidadoras.
Ainda pela câmera, os policiais viram uma funcionária da creche, Mariana de Araújo, 26 anos, dopar a bebê com medicação que tem como efeito colateral a sonolência, como está escrito no registro da Polícia Civil.
Em um episódio narrado pela polícia, uma menina autista, de apenas 6 meses, teve o rosto coberto por fezes após defecar na calcinha. Para a polícia, a ação da dona da creche era para “puni-la por defecar e doutriná-la conforme seu método, tendo a criança relatado que a proprietária mandou que ela ainda comesse as fezes, mas a criança se negou”.
A Polícia Civil apontou que crianças que faziam xixi na roupa eram colocados em uma “roda da humilhação”. Segundo a investigação, as vítimas eram expostas a situação vexatória “porque a proprietária obrigava as outras crianças a fazerem roda, bater palmas e os chamarem de ‘mijões’, além disso ameaçava de cortar o órgão genital das crianças caso voltassem a fazer xixi em seu colchão”.