OMS e Unicef defendem medidas urgentes para a diminuição dos impactos na saúde
A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou um documento, no início da semana, que destaca o interesse em discutir o impacto das mudanças climáticas na saúde de mulheres grávidas, bebês e recém-nascidos. O texto é assinado e apoiado por especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas).
É importante destacar que o jornal O Estado MS reportou que as altas temperaturas já estão impulsionando os casos de arboviroses, em especial, as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
“O aumento da temperatura favoreceu a proliferação do mosquito e, no nosso Estado, especialmente, a gente já superou o número de casos de dengue do ano passado, antes mesmo do período chuvoso de verão. É o que aconteceu na fronteira, em Ponta Porã, com um aumento muito grande dos casos de chikungunya nunca antes registrados”, destacou o médico infectologista e professor doutor Júlio Croda.
Conforme dados do último boletim epidemiológico da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mato Grosso do Sul já registrou quase 46,9 casos de dengue e 3,2 mil de chikungunya. Da segunda doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, esse número corresponde a um aumento de 441,2% dos anos anteriores.
A comunidade científica internacional reforça que os eventos extremos estão favorecendo a propagação não apenas das arboviroses, mas também da cólera, malária e infecções graves para gestantes e crianças.
Pesquisas mostram que os danos podem começar ainda no útero, levando a complicações gestacionais, parto prematuro, baixo peso ao nascer e até bebês natimortos. Para a médica ginecologista e obstetra Rúbia Loureiro, da Unimed Campo Grande, tudo deve ser muito bem rastreado, avaliado e tratado.
“A crise climática é uma preocupação mundial nas grávidas e recém-nascidos, pois eles são imunossuprimidos e o cuidado deve ser dobrado. Todas essas alterações também favorecem as infecções secundárias. Imunidade baixa e clima propício são um prato cheio para as doenças, como dengue, entre outras. Acho totalmente prudente uma maior campanha e cuidados disponíveis para essas pacientes”, disse a doutora.
A preocupação da ONU com o tema será destaque na COP28, que reunirá líderes mundiais entre 30 e 12 de dezembro. Durante evento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), realizado na quinta-feira (23), em Campo Grande, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, falou sobre a importância que essas decisões climáticas têm na vida do cidadão comum.
“Essas reuniões de líderes mundiais são importantes para a criação de políticas públicas de Estados e municípios. É a partir delas que se criam estímulos para que produtores e pessoas adotem práticas sustentáveis, pois os grandes afetados pelas mudanças climáticas são os cidadãos de baixa renda, que estão nas periferias ou são forçados a migrar. Precisamos de políticas ambientais que trabalhem em conjunto e enxerguem todos os grupos”, pontuou o secretário.
As ondas de calor e instabilidades climáticas devem perdurar até maio de 2024, tendo seu pior período entre novembro de 2023 e janeiro do ano que vem. Isso porque, segundo um relatório divulgado pela OMM (Organização Mundial de Meteorologia), na semana passada, o El Niño, fenômeno relacionado ao aumento nas temperaturas notado neste ano, está atingindo o seu pico somente agora.
Vereadores debatem impactos climáticos e novas soluções
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) liderou uma reunião especial na sexta-feira (24), na Câmara Municipal, focada em discutir estratégias e ações de políticas públicas destinadas ao enfrentamento das altas temperaturas. O encontro teve como objetivo principal acompanhar as iniciativas de adaptação da cidade às mudanças climáticas, visando atender às necessidades de conforto térmico da comunidade. Na sequência das deliberações da reunião, a vereadora Luiza Ribeiro planeja oficializar, na próxima semana, solicitações de providências junto à Secretaria Municipal e Estadual de Saúde, Secretaria Municipal e Estadual de Educação, e Secretaria Municipal e Estadual de Assistência Social. Estas demandas serão direcionadas a lidar com casos excepcionais de calor extremo. Além disso, está programada a convocação de uma nova Audiência Pública. Durante este evento, espera-se que os órgãos supram a comunidade com detalhes sobre as soluções que estão sendo implementadas para o próximo ano, em resposta às questões climáticas.
Por – Kamila Alcântara.
FONTE oestadoonline.com.br