A promotora Bianka M. A. Mendes, de Sidrolândia, se manifestou sobre o pedido de liberdade feito pela defesa de Thiago Rodrigues Alves, ex-servidor estadual, ex-assessor parlamentar na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul). Thiago é chamado de “elo” entre empresários e servidores públicos envolvidos no esquema de corrupção revelado pela Operação Tromper.
Segundo a promotora, há provas na investigação de que Thiago “tem papel relevante na organização criminosa, na condição de elo entre os empresários envolvidos e servidores públicos”.
Vale lembrar que o esquema investigado se baseia na fraude de diversas licitações em Sidrolândia, favorecendo empresas de fachada ou pertencentes ao grupo criminoso.
Ainda segundo a promotora, Thiago age com os empresários, em troca de acesso ao que ela chama de “contrações públicas e a lucro fácil decorrente da inexecução contratual”. Ou seja, as empresas eram contratadas por valores milionários, mas não executavam as obras.
Assim, a manifestação do MPMS aponta a “não prestação do serviço ou não entrega do produto”, além do grupo corromper servidores públicos municipais. “No mais, ao contrário do que foi aduzido quanto ao cancelamento dos contratos com as empresas investigadas, não houve rescisão com a empresa CG Obras de Pavimentação Asfáltica LTDA. Pelo contrário, houve aditamento”, diz a promotora.
Obra aditada em meio a escândalo de corrupção
A prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), publicou no dia 9 de abril um termo aditivo que eleva para mais de R$ 8,8 milhões o contrato com a GC Obras de Pavimentação Asfáltica Eireli (CNPJ 16.907.526/0001-90).
A empreiteira e o contrato são investigados na terceira fase da Operação Tromper, que colocou na cadeia o genro da prefeita, Claudinho Serra.
Ele é vereador do PSDB em Campo Grande e, segundo as investigações, supostamente chefiava esquema de corrupção que desviou dinheiro público da Prefeitura de Sidrolândia nos últimos anos.
Além de Claudinho Serra, mais 7 foram presos a pedido do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Todos seguem presos três semanas após a operação.
O reajuste no valor do contrato investigado está no Diário da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul). Além da própria prefeita de Sidrolândia, o empreiteiro também assina o extrato do termo aditivo.
Conforme a publicação, foi aditivado o contrato 35/2023 com a GC Obras de Pavimentação Asfáltica Eireli (CNPJ 16.907.526/0001-90). O valor acrescido é de R$ 470.625,07, chegando ao total de R$ 8.884.254,95.
O contrato é referente à pavimentação e drenagem de vias públicas na cidade de Sidrolândia. No entanto, o termo tem data de 26 de março, uma semana antes da terceira fase da Operação Tromper, que ocorreu em 3 de abril.
Empreiteiro pagou fiança para deixar a prisão
A GC foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão e funciona no mesmo local que a AR Pavimentação e Sinalização Ltda (CNPJ 28.660.716/0001-34).
Além disso, o empreiteiro Cleiton Nonato Correia foi preso em flagrante na Operação Tromper, em 3 de abril. Ele é proprietário da GC e foi flagrado com uma arma de fogo.
No cumprimento de mandado de busca e apreensão no local onde funcionam as duas empresas, CG e AR Pavimentação, a Polícia Militar encontrou a arma de fogo. Assim, uma pistola 9mm e munições foram apreendidas, sem registro ou documentação.
Por isso, Cleiton foi detido em flagrante e encaminhado para a delegacia. Ele afirmou que guardava a arma para Thiago Rodrigues Alves, que também é um dos alvos da operação e foi preso preventivamente
Para garantir a liberdade do acusado, foi determinado pelo juiz Jorge Tadashi Kuramoto o pagamento de fiança no valor de R$ 15 mil. O valor foi pago no mesmo dia e o empresário liberado.
Empreiteira criada logo após prefeita de Sidrolândia entregar ‘cofre’ para Claudinho Serra
De acordo com o Gecoc, a empresa GC, de Cleiton, foi criada aproximadamente 80 dias após Claudinho Serra (PSDB) assumir como secretário municipal de Fazenda, nomeado pela sogra, a prefeita de Sidrolândia, no início de 2022.
Logo após a criação, a empresa venceu licitações e firmou contratos de pavimentação. Além dessa ligação entre Cleiton e Claudinho, Thiago Alves também seria um elo. Isso porque Thiago é ex-assessor de Claudinho Serra.
Claudinho não foi eleito, mas ficou como suplente de vereador em Campo Grande.
Mesmo assim, assumiu a cadeira definitivamente em março, quando Ademir Santana (PSDB) renunciou ao mandato de vereador para trabalhar na pré-candidatura de Beto Pereira (PSDB) à Prefeitura de Campo Grande.
Investigados lidavam com verba da Agesul
Nas investigações, o Gecoc cita Thiago como pessoa influente na Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Ele supostamente seria uma espécie de ‘contato’ entre o órgão estadual e a organização criada assim que Vanda Camilo assumiu como prefeita de Sidrolândia.
Além dos contratos da GC com Sidrolândia, a AR Pavimentação atualmente tem R$ 50 milhões em contratos com a Agesul. Thiago chegou a ocupar cargo no Governo do Estado entre 2020 e 2021, na Secretaria de Governo e com salário de aproximadamente R$ 15 mil.