O Ministério Público de Mato Grosso do Sul vai investigar possíveis danos ambientais que estariam sendo provocados por uma usina hidrelétrica no rio Sucuriú, que abrange os municípios de Inocência, Três Lagoas e Água Clara.
A abertura de um inquérito foi feita em razão da preocupação com os efeitos do empreendimento sobre a biodiversidade local – especialmente peixes – e da necessidade de garantir a correta avaliação e mitigação dos danos.
O MPMS, inclusive, apontou que a sub-bacia do Sucuriú já sofre com a presença de 16 outros empreendimentos hidrelétricos. Essa instalação da usina, que deve pegar 150 quilômetros do rio, segundo o órgão, pode trazer implicações ambientais significativas, em especial para as espécies de peixes migradores, que dependem da conectividade do rio para sua reprodução.
O inquérito destaca que o trecho do Rio Sucuriú afetado é um refúgio importante para a conservação da ictiofauna, inclusive para espécies migradoras de longa distância, cuja sobrevivência pode ser ameaçada pela fragmentação do habitat. Estudos indicam que a construção da barragem transformará um terço do trecho de águas correntes em águas paradas — ambiente inadequado para muitas espécies nativas — e funcionará como barreira para a migração dos peixes.
Além disso, o MPMS aponta que a UHE Inocência apresenta a menor eficiência energética entre os empreendimentos da sub-bacia do rio Sucuriú, o que levanta dúvidas sobre a justificativa do projeto diante dos potenciais danos ambientais.
O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) foi oficiado para prestar esclarecimentos sobre a classificação da usina, os estudos sobre as rotas migratórias dos peixes e a viabilidade do empreendimento sob a perspectiva da eficiência energética e dos impactos à ictiofauna. A Aneel e a Sociedade Brasileira de Ictiologia (SBI) também foram acionadas para fornecer informações e pareceres técnicos.